11 Dezembro 2025 | Yuri Cavichioli
Animações são trunfos e impulsionam mercado cinematográfico chinês
Pavilhão do Cinema da China na CineAsia destaca força do gênero, novas parcerias internacionais e expansão das receitas no maior mercado em ascensão do setor
A presença chinesa na CineAsia, realizada de 8 de dezembro até hoje (11), sinaliza um dos movimentos mais dinâmicos do setor global: a recuperação acelerada do mercado consumidor de cinema na China nos anos pós-pandemia, puxada por animações que continuam atraindo o público jovem e elevando as bilheterias a patamares superiores a 2020.
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A consolidação desse movimento aparece nos números: a China ultrapassou ainda em outubro o total de US$ 5,8 bilhões arrecadado em todo o ano anterior, impulsionada pelo desempenho de animações locais e estrangeiras. A força comercial de títulos como Zootopia 2 (Disney), o avanço da produção nacional e uma temporada de fim de ano competitiva colocam o país entre os motores centrais do crescimento global, chamando a atenção de distribuidores, exibidores e parceiros estratégicos.
“O mercado cinematográfico chinês tem observado um crescimento constante e robusto das animações na última década, desde “A Lenda do Rei Macaco: A Volta do Herói”, em 2015. Esses filmes apresentam ao público diferentes gêneros narrativos, variados estilos artísticos e alta qualidade de produção, atraindo todas as faixas etárias. Assim, a animação tornou-se uma categoria dominante”, afirma Yu Zhou, presidente e cofundador da Light Chaser Animation.
O desempenho recente comprova essa expectativa. Em 2025, títulos como Zootopia 2, que já arrecadou cerca de US$ 430 milhões na China, e Ne Zha 2 (A2 Filmes), que ultrapassou US$ 2 bilhões globalmente, ampliaram a relevância econômica da categoria. Outros sucessos, como Anônimo (Universal), que fez uma bilheteria próxima de US$ 215 milhões e Contos Curiosos de um Templo, com US$ 30 milhões movimentados em território chinês, reforçam a competitividade local e sustentam a expansão dos estúdios locais em mercados internacionais.
“Os principais frequentadores dos cinemas, entre 20 e 35 anos, cresceram assistindo animação japonesa, americana e chinesa, então é natural que escolham animações. Além disso, esse tipo de filme gera oportunidades expressivas de negócios derivados, como merchandising e até parques temáticos”, completa Yu.
A Disney conseguiu entender e soube explorar esse comportamento ao investir em uma área temática de Zootopia no parque de Xangai em 2023, enquanto empresas como Wanda Films integraram produtos licenciados, ações promocionais e ativações diretamente à experiência de seus cerca de 700 cinemas. O movimento atraiu a atenção global e resultou em novas alianças, como o recente MOU (um memorando de entendimento que formaliza a intenção de colaboração entre empresas) firmado entre Wanda Film e Imax para desenvolvimento de produtos, iniciativas de marca e operações no país de varejo.
A corrida por receitas complementares acompanha uma tendência global em que grandes estúdios dependem cada vez mais de suas propriedades intelectuais, como marcas e universos narrativos, para sustentar linhas de produtos, ativações físicas, parques, parcerias corporativas e expansão internacional.
Com o público jovem engajado e um consumo crescente de entretenimento premium, a China se tornou um mercado estratégico para testar modelos híbridos que combinam cinema, licenciamento e experiências imersivas.
Criado para promover o cinema chinês em mercados internacionais e facilitar negócios com parceiros estrangeiros, o Pavilhão do Cinema da China na CineAsia apresenta mais de 200 produções e reúne mais de 70 empresas do país, além de espaços dedicados a VR, projetos de coprodução e títulos de prestígio, como o drama bélico Dead to Rights e o musical Uma Tapeçaria de uma Terra Lendária.
A CFCC (China Film Co-production Corporation) também atualiza políticas de importação e coprodução, estimulando aproximações entre investidores, distribuidores e produtores estrangeiros interessados em operar ou expandir no país.
Para estúdios como a Light Chaser Animation, que planeja dobrar seu ritmo de lançamentos a partir de 2026, esse movimento reflete uma indústria mais organizada, com público jovem consistente e novas frentes de receita. A combinação de demanda crescente, diversificação de modelos de negócio e abertura internacional consolida a China como um dos polos mais estratégicos para o futuro do audiovisual global.
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