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27 Julho 2016 | Fábio Gomes

Produtora fala sobre Videocamp e convida a repensar janelas de lançamento

Para Luana Lobo, da Maria Farinha Filmes, ferramenta funciona como forma de divulgação

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Plataforma visa dar espaço a projetos independentes (Foto: Videocamp)

Uma plataforma online e gratuita que pretende não apenas divulgar filmes, mas também difundir produções que provocam diferentes reflexões no espectador. O Videocamp surgiu para ser um ponto de encontro de pessoas engajadas e filmes de interesse público que pretendem mexer com pilares sociais segundo Luana Lobo, sócia da Maria Farinha Filmes, produtora que deu início ao projeto em parceria com o Instituto Alana.

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A ideia surgiu por conta da dificuldade de distribuição em larga escala de produções nacionais desse estilo. De acordo com Luana, longas engajados não tem espaço no mercado e filmes como Muito Além do Peso eram obrigados a competir por público com grandes blockbustersda magnitude de Homem-Aranha. “Como competiremos com um protejo como esse, em termos de apelo comercial, de interesse do público pelo assunto e de estrutura financeira? Analisando isso, entendemos que esse era o desafio, mas também uma grande oportunidade”, explica a executiva. 

Após experimentar diferentes formas e parcerias com distribuidoras, a produtora concluiu que para distribuir um filme nesse perfil, seria necessária uma estratégia diferente, algo que conversasse com o público interessado. Sendo assim, a produtora começou a realizar uma distribuição que chama de “híbrida”, pois conecta as plataformas tradicionais de cinema com lançamentos online em plataformas como Netflix, PlayTv, e abriu uma janela de possibilidades. 

Não bastando, Lobo entendeu que precisava preencher uma lacuna de distribuição, uma vez que muitas cidades brasileiras não contam com cinemas. Então, começou a liberar manualmente essa possibilidade para o público, que teria a possibilidade de organizar exibições no modelo clássico do faça você mesmo”. Sendo assim, se o filme não estivesse em cartaz em uma determinada cidade, a pessoa podia entrar em contato com a Maria Farinha para realizar exibições gratuitas e exibições passaram a ser a própria divulgação do filme. 

"Uma exibição pode ser 50 pessoas que se reúnem em um lugar e essas pessoas saem dali falando daquele conteúdo – e é assim que vai replicando. Percebemos que as vendas, por exemplo, do Tarja Branca no iTunes, no NET NOW e nas plataformas VOD dobraram depois que começaram essas exibições públicas gratuitas”, explica.

Depois de fazer isso algumas vezes, testando para ver o que funcionava melhor, a Maria Farinha decidiu automatizar esse processo – e criar isso de um jeito que não ficasse exclusivo a eles, dando assim início à plataforma Videocamp junto ao Instituto Alana.

Como Funciona

Uma equipe de curadores foi formada para selecionar os materiais que poderiam fazer parte da plataforma. “Com tantas possibilidades oferecidas pela internet, estamos precisando de lugares nos quais confiamos, que têm afinidade com o que nos interessa, para recomendar o que assistir”, explica Lobo. 

A ferramenta otimizou a ideia inicial da produtora e produtores puderam experimentar uma nova forma de distribuição, liberando seus filmes para exibição pública gratuita – que necessita o mínimo de cinco pessoas e o interessado pode realizar a exibição em sua própria casa, na praça, na escola, onde quiser. “O Videocamp dá todo o passo-a-passo para você organizar a sua exibição. Tem como baixar o cartaz, materiais de divulgação, matérias para discussão do tema, tudo que o usuário quiser”, explica.

Para deixar a sessão ainda mais interessante, foi criado o botão call-to-action dentro de cada filme, onde o espectador pode saber mais sobre cada assunto, com links de outros sites. 

Entendendo o público

Graças a essas exibições públicas, a Maria Farinha conseguiu suprir uma de suas maiores dificuldades: entender qual era o tipo de audiência que seus filmes atingiam. Apesar de saber o número do público, não havia acesso a essas pessoas e graças a plataforma é possível criar uma rede de contatos. 

“Quando uma pessoa faz uma exibição, ela preenche todos os formulários, então os donos dos filmes têm os contatos, e-mail. Depois da sessão eles recebem como contrapartida mandar quantas pessoas foram, fotos e outras informações. Então, você acaba construindo a sua rede e toda essa planilha de pessoas que já se engajou com o seu filme pela plataforma, você tem acesso. E isso é muito legal porque no próximo filme você pode pegar todo aquele mailing e começar dali. Isso potencializa muito o engajamento com o nosso público”, explica. 

No caso da Maria Farinha, Luana diz que isso fez toda a diferença para os novos lançamentos, pois ela conseguiu captar mais recursos por exibir aos patrocinadores todo o impacto de suas produções, além da rede de contatos que foi formada. “Todo mundo tem essa sensação de que no cinema o documentário dá uma audiência muito diferente do que a ficção. Só que você consegue mostrar que, em outras áreas, o documentário pode ter um impacto maior, se for usada uma distribuição mais híbrida, com várias frentes juntas e aí você ganha valor”.

O documentário O Começo da Vida saiu nos cinemas e também no Videocamp no mundo inteiro, sendo que 95 mil pessoas em diferentes países puderam assistir ao filme graças a plataforma em poucas semanas. Agora, o longa já chegou a 142 mil espectadores e 5 mil exibições pelo mundo. Com isso, Lobo convida os exibidores a repensarem junto aos produtores o formato de lançamento de filmes independentes.

“Esse glamour do cinema está mudando muito. Então, de fato nós fomos para reuniões com os cinemas, como Cinemark e Itaú, e falamos queríamos colocar nos cinemas para democratizar o acesso, essa nossa política. Queremos que ele esteja no máximo de lugares possíveis para que as pessoas possam escolher onde assistir. Agora, não abriremos mão do alcance que nosso filme pode ter só por causa dos cinemas”, explica. 

Segundo ela, a janela tradicional a obriga a ficar 90 dias com o filme parado e isso não garante audiência. “Se eu for muito otimista, o cinema pode me dar uma audiência de 50 mil pessoas, mas o Netflix no mundo tem 75 milhões de assinantes e o NET Now tem 5 milhões. Não tem mais como discutir que uma janela é mais importante que a outra, elas têm potenciais e funções diferentes e precisam co-existir."”, defende.

Mesmo com a distribuição híbrida, O Começo da Vida teve público de 35 mil espectadores nos cinemas e se tornou o documentário brasileiro mais visto do ano. “Na primeira semana ele lotou todos os dias e fez 16 mil espectadores. Então, depois da primeira semana, quando as exibidoras costumam cortar o número de salas, elas aumentaram, tanto o Cinemark quanto o Itaú”, explica. 

Por fim, a executiva faz um convite a distribuidores e exibidores. "Entrem lá, vejam a plataforma, sugiram outras ideias. A intenção é que seja uma ferramenta gratuita para potencializar o alcance dessas produções, que às vezes, encontra barreiras", finaliza. 

Acesse agora o site do Videocamp.

*Atualizado em 28/07/2016, às 11h30.

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