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04 Novembro 2016 | Vanessa Vieira

Big Data como ferramenta para o cinema conhecer melhor seu público

Letícia Pozza, cientista de dados, fala ao Portal Exibidor sobre o cinema se apropriar dos dados da web como um meio importante para seu sucesso

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(Foto: Cloudfront)

O uso da internet gera uma quantidade gigantesca de dados e, dessas informações, muitas estão disponíveis na web para quem souber encontrá-las. Achar esses dados, organizá-los e descobrir os questionamentos mais pertinentes sobre eles são um trunfo em qualquer mercado – e não é diferente para o cinema.

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Essa quantidade de informações, tradicionais ou digitais, que geram descobertas e análises são o que compõe o conceito de “Big Data” segundo Letícia Pozza, cientista de dados da consultoria Cappra, empresa especializada na ciência de dados.

“Para que seja Big Data, não existe uma quantidade mínima de dados necessárias, mas sim algumas regras de ouro que incluem: volume, velocidade, variedade, veracidade e privacidade”, comenta. Letícia reforça que hoje já não há uma diferença significativa entre o que é real do que é virtual. Por isso, boa parte da vida dos usuários de internet está disponível na rede. “O Facebook sabe mais da nossa personalidade do que o nosso psicólogo poderia saber”, brinca.

O Big Data tem ganhado o mercado mundial e, claro, o setor audiovisual especialmente por ajudar na tomada de decisão e algumas áreas em especial como o marketing. Ele foi um dos assuntos principais da CineEurope 2016, por exemplo. Segundo pesquisa da Cappra realizada no fim de março deste ano, o termo Big Data tem sido relacionado principalmente com tecnologia (48%), enquanto 24% das menções computadas foram voltadas para negócios. Os países que mais falam desse conceito são os Estados Unidos e o Reino Unido. O Brasil é o 13º nesse ranking com destaque para os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No mercado audiovisual, empresas como a Netflix chegam a basear suas próximas apostas de produção em dados como a série premiada House of Cards, que teve elenco, roteiro e até diretor “sugeridos” pelas informações obtidas dos usuários do serviço de streaming de vídeo.

“O consumidor tem muito mais poder na mão dele em todos os segmentos, mas no cinema principalmente porque ele é muito mais uma experiência do que o único local que alguém pode assistir a um filme”, explica Letícia. Para ela, é preciso que o mercado pare de tomar decisões baseadas em percepções infundadas. “Ainda estamos empurrando algo que achamos que o cliente quer”.

 

Big Data e cinema

Para o uso de Big Data em cinema, Letícia destaca que não basta procurar “o que pensam de nós” porque essa já é uma visão viciada. Em vez disso, o mercado cinematográfico pode aproveitar esse conceito para conhecer melhor o perfil dos espectadores e, com isso, gerar experiências específicas para eles, refletindo sobre a melhor forma de impactar cada um dos públicos do lançamento. Ainda é possível captar a expectativa das pessoas sobre as próximas estreias e alinhar a divulgação. Outra sugestão de Letícia é aproveitar a oportunidade para entender quais são os filmes médios ou independentes que interessam públicos que justifiquem sua exibição nos cinemas, o que ajudaria na programação e negociação das salas de exibição.

“O mais importante é que, assim, obtemos opinião espontânea e não induzida. As pessoas falam o que experimentaram”, afirma a cientista. Ela conta que na Cappra foram realizadas duas pesquisas envolvendo cinema e Big Data: uma com análise de quais filmes indicados ao Oscar 2016 ganhariam com base na opinião popular e a outra captou a expectativa das pessoas para o lançamento de Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força.

A primeira teve alto nível de acerto, errando só dois prêmios, o de Melhor Filme e o de Melhor Roteiro Adaptado. Já a segunda mostrou que os ansiosos de plantão preferiam o personagem Yoda (39%), mas que, mesmo sendo um vilão novo, Kylo Ren já conquistava 31% dos fãs antes do filme estrear. Todos os dados foram obtidos por meio do Mission Control, laboratório público de análise de dados sociais no Brasil.

Como achar os dados

Existem diversos meios para se acessar e organizar os dados disponíveis na web, desde as ferramentas gratuitas e mais fáceis de utilizar como o Google Analytics ou o Analytics do Facebook, até as que demandam investimentos e conhecimento técnico como Hadoop, linguagem R e Azure.

Um ponto focal são as redes sociais. As mais utilizadas no Brasil, segundo a cientista de dados são o Facebook, com mais de 90 milhões de usuários, seguida pelo Twitter e pelo Instagram. Além dessas, detalhes que merecem destaque são o acesso mobile, que é já é o meio principal para acessas as redes sociais, e para as crescentes redes de vídeo de consumo rápido como o Snapchat.

“Usamos muito pouco dos dados disponíveis. Estamos acostumados a pesquisas tradicionais e formatos prontos de informação, que são mastigados e não podem ser explorados”. Letícia termina convidando os exibidores e as distribuidoras a se questionarem sobre o que mais poderiam usar dessas informações para tomarem melhores decisões no dia a dia.

Letícia Pozza também falou sobre Big Data durante a primeira Minas Gerais Audiovisual Expo – MAX em junho último.

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