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08 Junho 2016 | Natalí Alencar

Noitão Belas Artes diversifica atuação dos cinemas de rua

Programação atrai público e se torna opção para rentabilizar o espaço de exibição

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Programação noturna costuma esgotar ingressos (Foto: Caixa Belas Artes)

Os aficionados por cinema certamente dedicam madrugadas às suas produções preferidas. Essa paixão ganhou um reforço quando passou a ser não mais feita em casa, mas no próprio reduto da sétima arte: a sala de cinema.

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Foi assim que o Noitão Belas Artes, maratona de filmes que são exibidos simultaneamente durante a madrugada, cativou um seleto público.

Realizado mensalmente às sextas-feiras no Caixa Belas Artes, o projeto exibiu na primeira fase (2004-2011) mais de 400 títulos diferentes e na segunda fase, após a reforma e reabertura (agosto de 2014 e fevereiro de 2016) 118 longas em 20 edições.

Em entrevista especial, André Sturm conta detalhes do projeto, desde a concepção da ideia até as próximas ações já previstas, como por exemplo, uma maratona temática sobre HQs.

“O Caixa Belas Artes aposta cada vez mais nos espaços que transcendem as sessões convencionais e oferecem novas experiências”, revela Sturm.

Parte da entrevista foi publicada na última edição da Revista Exibidor (21). Acompanhe abaixo a íntegra.

O próximo Noitão será realizado em 17 de junho e homenageará o escritor de ficção cientifica Philip K. Dick, famoso pelos contos que inspiraram O Vingador do Futuro e O Homem Duplo

Como funciona o projeto?

O Noitão é realizado mensalmente pelo Caixa Belas Artes, às sextas-feiras. É uma maratona de cinema, experiência que flerta com o entretenimento e atrai os mais diversos públicos. Envolve geralmente três salas com programações diferentes, todas conectadas pelo mesmo tema. Cada sala exibe três longas em sequência madrugada adentro, simultaneamente.  Os filmes são escolhidos pela curadoria a partir de um tema – este ano, por exemplo, já realizamos os especiais “Tim Burton”, “Charlie Kaufman” e “Os Oito Odiados”, com pré-estreia do longa do Tarantino e outros filmes que passeiam pela sua trajetória. Inclui sorteio de prêmios nos intervalos entre as sessões e café da manhã para os cinéfilos que "sobreviverem" até o final da maratona, na manhã de sábado.

Como surgiu a ideia?

Ao perceber um público jovem que gosta de programas na madrugada. E com três filmes, o programa termina em um horário em que já há ônibus e metrô funcionando, o que permite que público de todas as idades e locais da cidade possa participar.

Há quanto tempo funciona e qual foi o crescimento anual?

Começou em junho de 2004 até e seguimos até março de 2011, quando o cinema foi fechado. Na primeira edição foi apenas uma sala e tivemos cerca de 180 pessoas. Ao longo dos anos o evento foi se firmando e já tivemos diversas edições com 5 salas lotadas (em geral são 3 salas).

Quais iniciativas diferenciadas prevê para os próximos meses?

Tenho enxergado o Caixa Belas Artes como um centro cultural voltado aos cinéfilos. Estou buscando uma aproximação cada vez maior com os distribuidores, a fim de criar projetos de conteúdo relevante para o lançamento de longas. Recebemos no Caixa Belas Artes milhares de espectadores interessados em saber mais, conhecer mais, assistir mais e quero entregar esse conteúdo a eles. Quanto ao Noitão, a perspectiva é que tenhamos um super Especial HQ em maio, eventualmente trazendo uma pré-estreia. O Caixa Belas Artes aposta cada vez mais nos espaços que transcendem as sessões convencionais e oferecem experiências: além do Noitão, estamos fortalecendo a agenda de Debates (quando a sala de cinema vira palco para o embate entre ideias, reflexão e troca entre realizadores, público e debatedores convidados) e de Sessões-tributo (exibições seguidas de pocket-shows temáticos no próprio ambiente da sala escura – como os especiais Amy Winehouse e David Bowie). Nessa linha, lançaremos em 2016 o ‘Papo de fã’, em que lançamentos de grandes diretores internacionais são gancho para que cineastas brasileiros consagrados mostrem seu lado cinéfilo. Após a sessão, um diretor nacional conversa com o público - de fã para fã.

Como tem sido o retorno e a participação do público final?

O público do Noitão é bastante engajado. Temos esgotado os ingressos em poucas horas é delicioso sentir concretamente o interesse do público pela programação que criamos. O Noitão é um dos programas “queridinhos” do público do Caixa Belas Artes, com forte ativação por meio das redes do cinema. Nossa página oficial no Facebook, por exemplo, é um espaço muito utilizado para sugestões e algumas vezes a elaboração dos especiais atende a pedidos registrados lá. Não são raras as edições em que precisamos expandir a programação e envolver outras salas além das três inicialmente previstas. Tudo para evitar que muita gente fique de fora. Foi assim com o especial O Senhor dos Anéis (2014), o especial Tim Burton com pré-estreia exclusiva de Grandes Olhos (2015) e o Especial Os Oito Odiados, de Tarantino (2016) – são alguns dos Noitões campeões de bilheteria.

O seu projeto recebe apoio de empresas ou entidades? Se sim, quais?

O Caixa Belas Artes é um espaço aberto a parcerias com empresas, entidades, artistas. Acredito muito que o Noitão e os outros projetos que criamos para o Caixa Belas Artes seja uma oportunidade bem interessante para distribuidoras criarem lançamentos diferentes para seus filmes. Por exemplo, o time de comunicação da Paramount nos procurou sugerindo um debate em torno do longa Anomalisa, de Charlie Kaufman. Ficamos super animados e senti que poderia render um Noitão, com pré-estreia exclusiva do filme. Eles adoraram a ideia e seguimos adiante – foi a primeira exibição do longa após percorrer com êxito o circuito de festivais. O evento foi um sucesso e “preparou terreno” para a estreia: o filme ganhou visibilidade na imprensa e redes sociais. O Noitão ajudou a criar o tão desejado buzz em torno do lançamento do filme.

Qual impacto dessas iniciativas na receita da exibidora? 

O mercado de exibição, especialmente, dos cinemas de rua, é bastante desafiador. O que faz o público escolher o Caixa Belas Artes é a programação, a curadoria. Vivemos da venda dos ingressos, então é fundamental que a gente dedique tempo à criação de iniciativas como essas, que tornem a programação do Caixa Belas Artes única e a ida ao cinema uma experiência ainda mais especial. Além disso é um público formador de opinião, que participa ativamente de redes sociais. Com isso o cinema e os filmes (principalmente quando são pré-estreias) beneficiam-se desse retorno. 

Leia mais sobre essa e outras alternativas na 21ª Revista Exibidor

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