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Artigo / Audiovisual

09 Março 2021

“Eu acredito é na rapaziada...”

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“Que segue em frente e segura o rojão

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Eu ponho fé é na fé da moçada

Que não foge da fera e enfrenta o leão”

 

Eu tenho certeza de que o Gonzaguinha não estava prevendo a grave crise por que passa o mundo e, em especial nossa área de entretenimento, mas que a letra se encaixa, isso é verdade... Uma homenagem aos bravos empreendedores do mundo do entretenimento!

O cinema tem sido a forma de arte mais democrática, onde todas as classes sociais têm acesso às salas de cinema, mais ou menos vezes, reclamando ou não do preço dos ingressos, ir ao cinema é para todos.

Esse hábito centenário, agora demanda adaptações no comportamento do público. Algumas mudanças temporárias e outras definitivas, onde estar com estranhos sentados a um metro de distância, em um espaço fechado por algumas horas, pode ser um problema, mas imagine se a pessoa próxima começar a tossir.

Os nervos e receios após o fim dos bloqueios estarão aflorados, demandando um trabalho bastante intenso, por parte dos exibidores e distribuidores.

As chamadas para novos filmes terão orientações de como se portar e o que não temer durante a exibição. Parece exagero, mas não é!

A tão democrática sala de cinema poderá passar por mais adequações, temporárias é bem verdade, mas ir ao cinema vai ficar mais caro ou irá impor margens mais apertadas aos exibidores e distribuidores. Afinal temos uma acentuada higienização dos ambientes a cada sessão, bem como as perdas decorrentes da redução da capacidade e do aumento das equipes e insumos.

Mas de uma forma ou de outra, a exibição de cinema tradicional está em apuros. E isso, é claro, coloca dúvida no tipo de cinema que os estúdios fazem. Teremos a continuidade de grandes orçamentos e grandes riscos? Acredito nisso só quando for possível se enxergar a linha do horizonte.

O tempo normal de duas horas para um filme é baseado na ideia de que é uma saída para se entreter, mas novos formatos serão popularizados como parte de outras atividades materializarão à medida que o complexo de cinema fugir da cadeia exclusiva dos grandes negócios. Haverá muito o que perder se muitos cinemas forem eventualmente fechados. Mas talvez também haja muito para se animar, se as portas dos complexos de cinema forem abruptamente abertas para outras atividades e conteúdo.

Steven Spielberg escreveu, recentemente, um ensaio sobre porque acredita que o cinema nunca morrerá.

“Na atual crise de saúde, onde as salas de cinema estão fechadas ou a frequência é drasticamente limitada por causa da pandemia global, ainda tenho a esperança quase certa de que, quando for seguro, o público voltará ao cinema”.

“No cinema, você assiste a filmes com pessoas importantes em sua vida, mas também na companhia de estranhos. Essa é a magia que experimentamos quando saímos para ver um filme, uma peça de teatro ou um concerto. Não sabemos quem são todas essas pessoas sentadas ao nosso redor, mas quando a experiência nos faz rir ou chorar ou torcer ou contemplar, e então, quando as luzes se acendem e deixamos nossos lugares, as pessoas com quem entramos no mundo real não se sentem mais como completos estranhos.”

“Aquele breve intervalo em um cinema não apaga as muitas coisas que nos dividem: raça ou classe ou crença ou gênero ou política. Mas nosso país e nosso mundo parecem menos divididos, menos fragmentados, depois que uma congregação de estranhos riu, chorou, pulou de seus assentos juntos, tudo ao mesmo tempo.”

Luiz Fernando Morau
Luiz Fernando Morau | morau@integradora.digital

Profissional sênior em infraestrutura, desenvolvimento e integração de soluções no audiovisual, digital cinema, broadcast, games, VR, AR e digital signage. Sócio e CEO da INTEGRADORA DIGITAL

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