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Artigo / Evento

05 Dezembro 2019

O que podemos aprender com a CCXP

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Esta semana começou a sexta edição da Comic Con Experience, mais conhecida como CCXP. Realizada pela Omelete Company e demais sócios, a CCXP hoje é um sucesso unânime dentro do mercado. Mas chegar neste sucesso, não foi fácil. 

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Embora o site Omelete já explodia de sucesso naquele período, a ideia de “copiar” a Comic Con de San Diego (EUA) era insana e “jamais daria certo”. Por coincidência, a EXPOCINE também estava tomando forma no mesmo ano e diversas vezes, este que vos escreve, trocava figurinhas com os gestores da CCXP com o intuito de nos convencer que estávamos no caminho certo. 

A CCXP deu tão certo que hoje já é considerada a maior do mundo em público e este ano traz o recorde de 280 mil ingressos vendidos – capacidade máxima do evento e faturamento maior que a grande maioria dos filmes lançados no Brasil este ano. 

Mas por que a CCXP faz tanto sucesso? Por que estúdios investem montanhas de dinheiro para trazer grandes nomes ao evento? E por que o evento se tornou algo tão imprescindível para o ponta pé inicial da campanha de lançamento de diversos títulos no cinema? 

Podemos falar da alta do sucesso dos conteúdos, o mercado geek, blá blá blá. 

Mas a intenção deste artigo é a reflexão da empreitada da CCXP. Todo empreendedor tem seu público-alvo. E o mais importante é que produtores, distribuidores e exibidores precisam compreender estas perguntas e aprender que alcançar este sucesso não está tão longe quanto parece. A Omelete Company apenas fez uma lição de casa muito bem-feita dentro do seu público alvo. 

No caso da CCXP, o trabalho foi sempre alinhar a cultura pop das mais diversas tribos existentes no país em um só lugar. Se engana quem pensa que o evento é uma adoração à cultura norte-americana. Os organizadores correm atrás de tudo que atrai o público. Do Japão com seus animes, passando pelos EUA e aportando no Brasil com altos investimentos da Rede Globo e até mesmo da Turma da Mônica

É essa diversificação que faz da CCXP um evento único que atrai milhares de pessoas ao São Paulo Expo e mobiliza milhões pelo país com o desejo de um dia vir à CCXP. Nem mesmo Rock in Rio ou GP Brasil de F1 consegue uma diversidade tão grande. 

E é essa diversidade tão universal que falta no Brasil. Exibidores não conhecem o público da sua cidade, distribuidores não compreendem o tamanho de seus filmes e produtores produzem filmes mais com o coração e menos com o que o mercado consumidor da audiovisual demanda. E todas estas falhas partem do princípio de que fazemos poucas pesquisas. E quem faz, se dá bem. 

Na EXPOCINE de 2014, semanas antes da primeira CCXP, Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company, se apresentou em uma palestra sobre o público Geek com uma pesquisa detalhada do público consumidor de cultura pop. O executivo apresentou dezenas de slides do quanto estudou os visitantes do site Omelete.com e porque tomou a decisão de criar a CCXP a partir deste estudo. Pouca gente deu bola e 6 anos depois, temos um evento que movimenta mais de R$ 100 milhões em apenas 4 dias na economia de São Paulo. 

Pesquisas custam caro, demandam tempo e precisam ser feitas sempre. Os custos delas também podem ser compartilhados para um bem comum. Porém, jamais devem ser descartadas. 

50% do público da EXPOCINE 2019 neste ano nunca foi a uma EXPOCINE anterior. Por incrível que pareça, o número de credenciados deste ano ao evento foi o dobro em relação ao ano anterior. Justamente os tais 50% que nunca foram. Tudo isso foi fruto de uma pesquisa realizada no primeiro semestre, analisada e criadas as ações necessárias para atrair mais credenciados. 

Deduções/Achismo de comportamento de público, enquanto estamos entrando na terceira década do Século XXI, são um suicídio para qualquer negócio.

Marcelo Lima
Marcelo Lima | marcelo.lima@tonks.com.br

Marcelo J. L. Lima é fundador e CEO da Tonks, empresa responsável pela Expocine, Portal Exibidor e Cine Marquise. Analista na indústria de cinema, Marcelo Lima também presta serviços de consultoria no setor.

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