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15 Outubro 2020 | Fernanda Mendes

Exibidor, distribuidor e produtora conversam sobre rumos do setor

Mesa trouxe debate agregador sobre as mudanças do mercado e os próximos passos

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(Foto: Reprodução)

Entre as mesas de debate do primeiro dia na Expocine 2020, destaque para o painel “Uma conversa entre exibição, produção e distribuição” mediado pelo jornalista Pedro Butcher, e que trouxe três grandes profissionais especialistas em suas atuações: Felipe Lopes (Vitrine Filmes), Luiza Gonzaga de Luca (Cinépolis) e Walkiria Barbosa (Total Entertainment).



O presidente da Cinépolis Brasil lamentou a falta de orientação do Governo Federal na contenção do Covid-19, trazendo uma falta de comunicação entre os Estados, prefeituras e protocolos de segurança para a reabertura dos cinemas. Outro ponto ressaltado pelo executivo é a falta de produtos nacionais para a exibição neste momento de retomada, o que poderia gerar um retorno massivo dos espectadores às salas. “Os países que estão indo bem neste retorno como China, Coreia, Japão, França e Espanha, de alguma forma se recuperaram com filmes nacionais. No Brasil tivemos um efeito contrário: os produtores sequer estão oferecendo conteúdo para nossa abertura”.

Walkiria acredita que a falta de produtos nacionais tem relação com a crise econômica que o país vem atravessando. Ela deu exemplos de outros mercados onde a retomada dos cinemas foi organizada entre produção, distribuição e exibição, trazendo resultados animadores. Na França, por exemplo, desde quando as salas foram reabertas, 60% do conteúdo assistido foram produções locais, por opção dos espectadores.

“Perdemos a oportunidade da produção local estar suprindo esse vácuo de conteúdo, temos alguns filmes e séries em pós-produção que poderiam ser estimulados, projetos que poderiam ser acelerados para ocupar o mercado nas diferentes janelas. Faltou esse plano estratégico de como fazer de um limão uma limonada. Perdemos uma oportunidade que poderia estar sendo uma mudança de paradigma para o conteúdo nacional”, lamentou.

Do lado da distribuição independente, Felipe Lopes da Vitrine Filmes, lembrou dos dias que antecederam o anúncio da pandemia, quando já estava tudo pronto para o lançamento de Três Verões, filme estrelado por Regina Casé e dirigido por Sandra Kogut. Com a pandemia anunciada, a empresa precisou suspender o lançamento, sendo que já haviam executado quase todo investimento em divulgação e marketing.  

A maneira que encontraram foi estrear o longa em drive-ins e depois em outras janelas, o que no final das contas, avalia Lopes, foi a melhor estratégia dentro do atual cenário. “Não ter as salas de cinema abertas em sua totalidade impacta muito para nós também. Eu espero que os cinemas retomem com força logo e que a gente consiga ter uma articulação não só do setor, mas do serviço público também para entender a grandiosidade e importância do nosso mercado”, ressaltou.

Próximos passos

Se os últimos meses foram de extrema dificuldade, o futuro pode ser animador.

Não, o cinema não perderá sua força. Em 45 anos trabalhando com cinema, Gonzaga já viu diversas crises na economia e no setor, que acabam por provocar mudanças profundas. O executivo acredita que a pandemia é mais uma dessas crises que vieram para acelerar mudanças e todas as frentes do mercado precisam estar atentas.

“As pesquisas indicam que 70% das pessoas voltariam ao cinema em até três meses. Eu acho muito difícil que se tenha algo que substitua a sala de cinema e não acho que alguma distribuidora negue um lucro de US$ 40 bilhões por ano”, ressaltou.

Inclusive, Walkiria destacou que a explosão do consumo em streaming durante o isolamento social despertou ainda mais a necessidade de uma aliança e planejamento entre todas as frentes do audiovisual, no sentido de pensar o que é melhor para cada conteúdo. “O espectador criou um hábito cultural no mundo todo de ver muita coisa em streaming, com conteúdos falados em diversos idiomas, e isso pode influenciar no gosto dos consumidores, porque as pessoas vão querer ver mais filmes diversos. Temos que analisar o que o consumidor está vendo no streaming para entender o que pode enraizar na opção da escolha para o cinema”.

Para Lopes, da Vitrine, a pandemia não mudou de maneira nenhuma a relação do cinéfilo com a sala de cinema. “O público de cinema é muito fiel, então temos otimismo que a volta terá uma subida de audiência gradual e quando a vacina chegar não acredito que esse momento pandêmico vai mudar a relação dos cinéfilos”.

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