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14 Dezembro 2020 | Fernanda Mendes

Mercado ainda discute decisão dos lançamentos simultâneos da Warner

Presidente da WarnerMedia diz que seria impossível discutir a nova estratégia com todos os colaboradores

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(Foto: Warner)

A decisão da WarnerMedia em lançar todos seus filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas e na plataforma HBO Max ainda está dando o que falar no mercado. Diversos cineastas criticaram a estratégia e os executivos da Warner estão saindo em defesa da companhia.

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Em artigo escrito para a Variety, Denis Villeneuve, diretor de um dos filmes da Warner a serem lançados neste novo formato, Duna, disse que a AT&T, proprietária da WarnerMedia, “sequestrou” um dos estúdios mais respeitáveis e importantes da história do cinema. O cineasta ainda alegou que o conglomerado está sacrificando o line-up da Warner Bros. de 2021 para a sobrevivência do grupo na bolsa de Wall Street. “Não há absolutamente nenhum amor pelo cinema, nem pelo público. É tudo sobre a sobrevivência de um ‘mamute’ das telecomunicações, que atualmente tem uma dívida astronômica de mais de US$ 150 bilhões”.

“Os serviços de streaming são uma contribuição positiva e poderosa ao ecossistema de mídia. Mas eu quero que o público entenda que o streaming por si só não pode sustentar a indústria cinematográfica como a conhecíamos antes do Covid. O streaming pode produzir um ótimo conteúdo, mas não filmes do escopo e magnitude de ‘Duna’. A decisão da Warner Bros. significa que ‘Duna’ não terá a chance de ter um desempenho financeiro viável e a pirataria acabará triunfando. A Warner Bros. pode ter matado a franquia ‘Duna’”.

A nova estratégia do estúdio não incomodou os cineastas apenas pela nova conduta voltada ao streaming, mas também pelo fato de que, ao que tudo indica, a Warner Bros. não comunicou nenhum colaborador antes de anunciar à imprensa. “É um tanto chocante que para toda a sua lista um estúdio possa ter ligado para o que parece ser ninguém”, disse Judd Apatow, diretor cujo seu mais recente filme, A Arte de Ser Adulto (Universal), estreou direto nas plataformas on demand. “É o tipo de desrespeito que você ouve falar na história do show business. Mas fazer isso com cada pessoa com quem você trabalha é realmente impressionante”.

Em defesa do estúdio, o presidente da WarnerMedia, Jason Kilan, afirmou em entrevista ao The New York Times que a reação dos cineastas é “dolorosa”. “Claramente temos mais trabalho a fazer na medida em que ‘navegamos’ nesta pandemia e no futuro ao lado deles”.

Kilar defendeu que a decisão não poderia agradar a todos, já que é uma estratégia de inovação e com o consumidor em mente. “Não é assim que a inovação acontece. Isso não é fácil, nem pretende ser fácil. Quando você está tentando algo novo, precisa estar pronto para algumas pessoas que não se sentem confortáveis com a mudança. E está tudo bem”.

Sobre a falta de comunicação com os talentos e acionistas, Kilar ainda defendeu a Warner dizendo que as discussões impossibilitariam de colocar em prática a nova estratégia. “Não acho que isso teria sido possível se tivéssemos levado meses e meses conversando com todos os colaboradores. Em certo ponto, você precisa liderar. E liderar tendo o cliente como prioridade e tomar decisões em seu nome”.

Dentre os talentos que defenderam a nova estratégia da Warner está Patty Jenkins, diretora da franquia de Mulher-Maravilha, cujo segundo filme terá estreia no fim de dezembro tanto nos cinemas como no HBO Max. Jenkins vê a novidade como uma oportunidade para outros estúdios atenderem às necessidades dos diretores. “Alguns estúdios serão espertos o suficiente para ficarem fora da curva, e todos os bons cineastas irão para esses estúdios, e os cinemas apoiarão seus filmes”.

Em entrevista ao CNBC Friday, o CEO da IMAX, Rich Gelfond, contou que acredita que a influência dessa decisão da Warner não será algo que passará em um curto espaço de tempo. “Eu acho que é um problema real e eu acredito que isso influenciará ainda mais em como os exibidores pensam”.

Gelfond salientou que a má reação dos cineastas é condizente já que eles pensam em seus filmes para serem vistos na tela grande. “Isso não se traduz bem para a tela pequena e não é o que os talentos desejam”.

De acordo com os números das salas IMAX no Japão e na China, é possível entender que a audiência dos cinemas dará um salto após a pandemia, segundo Gelfond. Ele disse que a frequência nas salas Imax no continente asiático voltou a 100% do nível anterior à pandemia. Portanto, com uma vacina iminente nos Estados Unidos, o executivo “simplesmente não entende por que a WarnerMedia abriria mão dessa bilheteria. Não faz sentido”.

No setor de exibição cinematográfica a notícia também dividiu opiniões, sendo que a AMC criticou a estratégia da Warner, e algumas outras redes adotaram um tom mais brando ou não se comunicaram ainda sobre o assunto. Fato é que os lançamentos simultâneos são uma tendência que já está sendo colocada em prática por outros estúdios como a Universal com Trolls 2, por exemplo, e a Disney que anunciou na última quinta-feira (10), durante o Investor Day, que alguns títulos terão estreia neste formato como Raya e O Último Dragão.

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