21 Julho 2021 | Renata Vomero

Netflix tem crescimento tímido no trimestre e projeta avanço até o fim do ano

Número de assinantes cresceu acima do esperado, mas pode apontar para desaceleração

A Netflix entrou em 2021 celebrando a marca dos 200 milhões de assinantes e um crescimento de 31% em 2020. Agora, com as pessoas voltando gradualmente para a normalidade e diante de um cenário de maior competitividade, o crescimento trimestral vem se mostrando mais tímido e aponta para dados que são interessantes de serem analisados.

Para início de conversa, a plataforma registrou crescimento de 1,5 milhão de assinantes no segundo trimestre deste ano (abril, maio e junho). Ao todo, neste momento, são cerca de 209 milhões. Embora o aumento neste trimestre esteja relativamente acima do esperado, talvez aponte para uma desaceleração, algo que vem sendo apontado por analistas do mercado, já que deve haver um teto de assinaturas em algum momento.  Ainda assim, a projeção da empresa para o próximo trimestre é de um adicional de 3,5 milhões de assinaturas, estimativa que supera o valor do mesmo período de 2020, com 2,2 milhões de novos clientes.

O maior crescimento foi na região da Ásia-Pacífico, que representou cerca de um milhão de novas assinaturas, seguido dela veio a América Latina, com 760 mil novos clientes, e a EMEA (Europa, Oriente Médio e África) com adição de 190 mil novas assinaturas.

É aqui que entra um dado muito relevante, na América do Norte houve perda líquida de 430 mil clientes. Em carta endereçada aos acionistas, a empresa atribuiu a queda à temporada de menos aquisições de conteúdos. No segundo semestre de 2019, a empresa chegou a perder 130 mil clientes nos EUA por conta de um aumento de preço. Desde então, veio somando mais de 7,5 milhões de assinantes na região.

Desta forma, a receita da Netflix foi de US$7,34 bilhões, aumento de 19,4% com relação ao mesmo período de 2020. O resultado ficou dentro da estimativa dos analistas, que projetaram receita de US$7,32 bilhões neste segundo trimestre.

Audiência

Além dos esperados resultados financeiros e de número de clientes, a Netflix também divulgou alguns dos números de audiência de importantes títulos lançados no período. Segundo a empresa, que investiu cerca de US$8 bilhões em conteúdo no primeiro semestre, Army of the Dead foi o filme de maior destaque no trimestre, somando 75 milhões de visualizações nos primeiros 28 dias.

Outro longa que chamou a atenção dos assinantes foi Paternidade, com 74 milhões de visualizações nos primeiros 28 dias. Ainda, a animação de maior sucesso no período foi A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, com 53 milhões de visualizações.

Games

Um assunto que veio à tona nesta apresentação do balanço, foi o recente anúncio da Netflix em abrir espaço para os games dentro da plataforma. Por enquanto, o foco deverá ser em jogos para celular. Além disso, a adição destes conteúdos não deverão implicar em aumento no valor da assinatura, já devendo estar incluso no pacote.

Para dar corpo à iniciativa, a empresa contratou Mike Verdu, com experiência no segmento. O objetivo da plataforma é criar jogos que estejam relacionados com os filmes e séries da Netflix, sendo considerada assim mais uma opção de conteúdo para os assinantes.

Em um encontro para analisar os resultados do trimestre, os CEOs da Netflix, Reed Hastings e Ted Sarandos, se mostraram animados com os números, reforçando o quanto o crescimento da empresa se mostra constante.

Quanto à chegada da divisão de games na plataforma, que eles reforçam ser apenas mais um braço de conteúdo apenas, os executivos também mostraram que não devem fazer parte desta tendência mundial de criar fusões e aquisições, inclusive, foram bem enfáticos ao dizer:

“Somos uma empresa de um único produto com vários elementos de suporte que ajudam aquele produto a proporcionar uma satisfação incrível para os consumidores e um mecanismo de monetização para os investidores”.

Recentemente, a Netflix destacou o calendário de produções nacionais para o segundo semestre, destacando títulos que vão desde filmes de ficção, passando por documentários, séries e realities.