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30 Agosto 2021 | Amanda Luvizotto

A Lenda de Candyman e o olhar descolonizador no cinema de gênero

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(Foto: Exibidor)

Provavelmente um dos filmes de gênero mais aguardados desde o anúncio de sua produção, A Lenda de Candyman estreou no último final de semana, distribuído pela Universal Pictures. Com direção assinada por Nia DaCosta e produção de Jordan Peele, o filme é baseado no conto de 1985 escrito por Clive Baker na antologia “Livros de Sangue”. Baker é também responsável pela bem-sucedida franquia de terror Hellraiser.



A história tem uma premissa simples, similar a de outras lendas urbanas como por exemplo, “a loira do banheiro” ou “maria sangrenta”. Ao repetir cinco vezes o nome Candyman em frente a um espelho, um assassino com um gancho no lugar da mão surge para matar a pessoa em questão. A origem da lenda é explorada nos filmes, ampliando o universo para além do conto literário.

A Lenda de Candyman passa a fazer parte de uma franquia composta por outros três filmes, sendo o longa “O mistério de Candyman” lançado em 1992 o mais famoso deles. Dirigido por Bernard Rose e responsável por apresentar o ator Tony Todd (e sua marcante voz) como o vilão do título, a produção tornou-se um dos clássicos de terror da década de 90. Nele, o roteiro explora a origem de Candyman e vincula o surgimento do assassino à crimes como tortura, escravidão e racismo nos Estados Unidos.

No entanto, a abordagem utilizada por Rose é criticada por muitos ao colocar uma mulher branca, Helen Lyle interpretada por Virginia Madsen, no papel central da trama, explorando não apenas o misticismo em torno da lenda, mas também o local onde ocorre os crimes - um projeto habitacional chamado Cabrini Green na cidade de Chicago. Habitado em sua maioria por negros Helen explora o local como se o mesmo não fosse apenas desconhecido à ela mas também uma área exótica, esteriotipando a comunidade e replicando o olhar colonizador tão presente na história cinematográfica.

E este talvez seja um dos pontos que mais atraem atenção para a nova adaptação, que traz Nia DaCosta - uma diretora negra - à sua frente e a produção de Jordan Peele, conhecido por abordar temáticas políticas, sociais e raciais em suas obras anteriores: Corra! de 2017 (disponível nas plataformas de streaming Claro Video e Apple TV) e Nós de 2019 (disponível na Apple TV), ambos sucessos aclamados pela crítica. Há uma grande expectativa por essa mudança de olhar no novo longa, que traz um elenco majoritariamente negro com Yahya Abdul-Mateen II no papel principal e a pariticipação de Tony Todd.

A trama da nova obra se desenvolve novamente na área onde anteriormente havia o projeto social de Cabrini Green, em Chicago, EUA. Atualmente habitada por millenials após a demolição dos antigos prédios e a gentrificação do local, o mesmo se torna a nova moradia do pintor Anthony (Yahya Abdul-Mateen II) e sua esposa Brianna (Teyonah Parris), diretora de uma galeria de arte. Buscando uma mudança em sua carreira estagnada, Anthony irá explorar os acontecimentos do passado no local e a lenda que o mesmo invoca, desafiando sua própria sanidade e realizando uma perigosa conexão com o passado.

Confiram A Lenda de Candyman, em cartaz nos cinemas de todo o país - favor checar a disponibilidade em sua cidade devido às medidas restritivas em virtude da pandemia de covid-19 e a variante Delta. Mantenha os cuidados básicos e o distanciamento.

Amanda Luvizotto é Crítica de Cinema formada pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, Arquiteta e Urbanista pela PUC-RJ, estudiosa da representação feminina no cinema, faz parte do Coletivo @3locadas e do grupo Mulheres no Terror.

 

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