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09 Julho 2025 | Redação | Entrevista: Yuri Codogno

H2O Films celebra resultados do primeiro semestre e destaca próximos lançamentos: "Produção brasileira vai para outro patamar"

Entre diversas apostas, distribuidora levará comédias, cinebiografias, dramas e animação para as telonas

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(Foto: Reprodução)

O primeiro semestre de 2025 chegou ao fim e, sem dúvidas, representa um período memorável para a H2O Films. O Auto da Compadecida 2, uma das maiores apostas da distribuidora nos últimos anos, se tornou o filme nacional com mais ingressos vendidos neste ano e, além disso, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor, o CEO Sandro Rodrigues destacou alguns dos próximos lançamentos da H2O que prometem colocar a produção brasileira em "um outro patamar".



O Auto da Compadecida 2 chegou às telonas em 25 de dezembro do último ano e tornou-se um dos grandes sucessos da história do cinema brasileiro ao vender 4,28 milhões de ingressos. Desse total, 2,92 milhões foram vendidos em 2025, superando até o vencedor do Oscar, Ainda Estou Aqui (Sony), que levou 2,72 milhões de espectadores aos cinemas no mesmo período. Essas duas produções, especificamente, devem elevar o nível do cinema nacional na visão do executivo.

"O cinema brasileiro está aumentando mais o sarrafo, tem dois filmes que entregaram muito - e estou falando no âmbito geral -, até comparando com filmes estrangeiros. 'Ainda Estou Aqui' e 'O Auto da Compadecida 2' realmente fizeram um novo patamar que acredito que vai aumentar todos os outros filmes, e aumenta realmente o sarrafo das perspectivas e das margens. Isso vai fortalecer todas as outras produções que vem por aí", disse.

O filme dirigido por Guel Arraes e Flávia Lacerda foi classificado pelo CEO da H2O como um projeto de longo prazo e de trabalho intenso que atingiu um resultado eficaz e, devido ao sucesso, uma estratégia parecida será replicada em Uma Mulher Sem Filtro, uma das apostas da distribuidora para o segundo semestre e que foi apresentada durante o Show de Inverno.

O longa que traz Fabíula Nascimento no papel de uma empresária que passa a falar apenas verdades após enfrentar alguns problemas também conta com Camila Queiroz interpretando uma influenciadora digital, e chega aos cinemas em 21 de agosto. A produção, que é uma parceria da H2O com a Conspiração, é o remake do filme original Sin Filtro, grande sucesso em países como México, Espanha, Chile, Argentina, Peru e Itália.

"Estamos com uma perspectiva muito grande para esse filme, com uma campanha grande. A ideia é explorar muito agora julho, que os cinemas vão estar com fluxo forte, então estaremos muito presentes no ponto de venda, que é junto com os exibidores. Estamos vindo de uma campanha muito pesada no digital. Então, assim como 'O Auto', acertamos muito ali na campanha do digital, vamos replicar agora no 'Uma Mulher Sem Filtro'. A ideia é ter um circuito bem amplo com o filme", destacou Rodrigues.

Também no segundo semestre, com estreia em 2 de outubro, a animação Eu e Meu Avô Nihonjin, produção da TV Pinguim, se coloca como uma grande aposta da H2O. A campanha de marketing se apoiará em dois pilares principais para essa "animação muito acima do patamar brasileiro", de acordo com o CEO da distribuidora: a imigração de japoneses no Brasil e a relação entre netos e avôs.

Outros projetos futuros, muitos dos quais foram apresentados durante o Show de Inverno, incluem O Tio Quase Perfeito 3, retomando uma franquia que vendeu quase um milhão de ingressos no primeiro filme; Colegas 2, que estreia no início de 2026 e contará com uma campanha bastante forte depois de toda a repercussão e prêmios de Colegas 1; Estranho Amor, um filme baseado em uma série de muito sucesso da Record; Trago o Seu Amor, um filme para o público jovem que tem muita presença no digital; É Preciso Cantar, novo filme de Guel Arraes que mistura toda a repressão que teve da ditadura com o mundo dos festivais de música e está entre a oitava e nona versão do roteiro; e Viver é Melhor do Que Sonhar - A Vida de Belchior, cinebiografia do cantor Belchior que será lançada no primeiro semestre de 2026 e mostrará a decisão do cantor de abandonar todo sucesso em seu auge.

Antes de finalizar a entrevista, Sandro Rodrigues também fez questão de destacar outra cinebiografia: Cássia Eller - O Filme. Ele afirmou que a distribuidora já está envolvida no projeto há dez anos, desde que o documentário sobre a vida da cantora foi lançado e vendeu aproximadamente 90 mil ingressos, e agora contará com o envolvimento de Maria Eugênia e Chicão, ex-mulher e filho da cantora, na produção.

"Acreditamos que o filme tem um poder comercial muito grande. A Iafa [Britz] está mergulhada nisso e vai entregar um filme fantástico. Entendemos que o filme é extremamente comercial. Não tenho dúvidas que Cássia vai ser uma das maiores bilheterias de cinebiografia que o Brasil já viu", disse sobre a produção da Migdal Filmes e Iafa Britz.

Por fim, com exclusividade, Rodrigues também destacou Calendário do Amor. O projeto que não foi revelado durante o Show de Inverno é uma produção da H2O Produções e Sentimental em uma comédia ácida que fala sobre relacionamento e sexo. A previsão de lançamento é para o próximo ano.

CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA:

Primeiramente, queria saber qual balanço você faz desse primeiro semestre, incluindo o cinema nacional e colocando a H2O nesse balanço, levando em consideração que praticamente todo público de "O Auto da Compadecida 2" veio em 2025.

Em 2024 só pegou uma semana que foi muito forte e quase 90% do resultado de “O Auto” está nesse primeiro semestre. Trabalhamos o filme muito forte em janeiro, entrou em fevereiro, então ficou bem presente aqui neste ano. O cinema brasileiro está aumentando mais o sarrafo, tem dois filmes que entregaram muito e estou falando no âmbito geral, de até comparar com filmes estrangeiros.

Então “Ainda Estou Aqui” e “O Auto da Compadecida 2” realmente fizeram um novo patamar que acredito que vai aumentar todos os outros filmes, e aumenta realmente o sarrafo das perspectivas e das margens. Isso vai fortalecer todas as outras produções que vem por aí. 

“O Auto” foi um projeto de longo prazo, de um trabalho intenso, e o lançamento começou antes de iniciar a produção. E quando conseguimos atingir um resultado muito eficaz, um resultado realmente que atinge todas as perspectivas que dimensionamos para o filme, nos anima a replicar esse mesmo processo para várias outras produções.

Então, “O Auto”, para a H2O, consagra e efetiva todo um trabalho de um time focado em ter resultado, um projeto que fosse incrível como produção e também um projeto incrível quando falamos de lançamento e, principalmente, de entrega. É um projeto que conseguiu fazer com que todas as áreas da H2O trabalhassem muito unidas. Pensamos desde a hora da produção, na área do lançamento, que teve todo o envolvimento dos exibidores no lançamento do filme, todos apoiaram. O exibidor não foi parceiro, foi amigo mesmo do projeto. Ele foi amigo do cinema brasileiro porque lançamos o filme numa data muito concorrida, dois filmes muito grandes internacionais lançados no mesmo período e, mesmo assim, o exibidor apostou junto com a gente. Investimos pesado e o exibidor entendeu, viu a importância de chegar junto, acreditar no projeto e se posicionar.

Depois é mais fácil falar. Mas antes, apostar e acreditar no projeto, e entregar o número de sessões que o filme realmente pedia, mostrou que o exibidor está acreditando cada vez mais na produção brasileira. E isso anima de estar trazendo cada vez mais projetos igual ao “Auto”. A ideia da H2O é sempre estar ofertando projetos realmente que tenham esse tipo de envergadura de falar com o maior número de pessoas e serem projetos competitivos num formato mais amplo, concorrendo com toda a produção de Hollywood, que não é fácil, é muito difícil, é muito concorrido. Os orçamentos são bem diferentes, mas mostra que nós podemos entregar. Então vejo que a produção brasileira vai para um outro patamar, na minha opinião, e acredito que vem muitos filmes grandes pela frente. 

E falando em muitos filmes grandes, queria focar em dois próximos lançamentos de vocês, que seria “Uma Mulher Sem Filtro” e “Eu e Meu Avô Nihonjin”. Primeiramente, “Uma Mulher Sem Filtro”, que está programado para 21 de agosto. Como tem sido o trabalho de campanha, de divulgação do filme, e qual a expectativa em cima dele?

Estamos com a campanha no ar, estamos trabalhando há um tempo, aquecendo bastante o filme. Ele é uma franquia, um remake de um filme que fez muito sucesso em outros países. Então ele é um projeto já testado, já deu certo e mais uma vez é uma parceria da H2O com a Conspiração. A Tati Bernardi escreve, que é uma fera, então você pega uma propriedade que já é testada, já tem qualidade, pega o roteirista, pega um nível de qualidade de produção incrível. As atrizes estão fantásticas. Estamos com uma perspectiva muito grande para esse filme, com uma campanha grande. A ideia é explorar muito agora julho, que os cinemas vão estar com fluxo forte. Então, estaremos muito presentes no ponto de venda, que é junto com os exibidores.

E estamos vindo de uma campanha muito pesada no digital. Então, assim como “O Auto”, acertamos muito ali na campanha do digital e vamos replicar agora no “Uma Mulher Sem Filtro”. A ideia é ter um circuito bem amplo com o filme e entendemos que é um filme que fala mais com a mulher, mas o homem vai estar junto com a mulher, e cada vez entendemos que o ideal é enxergar quem é o público de cada filme e atacar esse público. Fizemos uma pesquisa com o filme e deu um resultado muito positivo. As mulheres gostam, é o tipo de filme que sai do tradicional. Um momento que a mulher realmente tira todos os filtros possíveis e imaginários e explode. Então todo mundo hoje vive numa loucura, é legal ver isso nas telonas, um filme demonstrando isso, esse momento de virada, então estamos com uma expectativa muito grande.

Gostei do material que vocês exibiram em Campos, é um humor, mas não é aquele humor que o brasileiro vê toda semana no cinema. Ele é um humor mais inteligente, mais trabalhado, mais moderno. E vai entrar em uma data boa, no final do corredor de blockbusters.

Estamos fazendo exatamente essa leitura. Acreditamos que a data é boa mesmo. Vem todos os filmes gigantes em julho e a ideia é aproveitar muito esse fluxo para divulgar bastante o filme e pegar ali depois da segunda quinzena de agosto, que normalmente dá uma caída, e vem com um filme novo, um frescor para a programação, para o exibidor. É um filme que vem com peso. A Fabíola e a Camila estão incríveis, tem muita força, e estamos com uma campanha muito pesada.

E “Eu e Meu Avô Nihonjin”?

É uma produção brasileira, a TV Pinguim consegue entregar uma produção que dá muito orgulho para o Brasil. A qualidade da animação é fantástica. Já lançamos um projeto com eles, que foi o “Tarsilinha” (2021), que também entregaram uma animação muito acima do patamar brasileiro e a TV Pinguim se dedica muito ao roteiro do filme, é feito com muito muito cuidado.

Estamos acreditando muito porque ele pega dois pilares que desenhamos e estamos posicionando muito a campanha em cima disso. O primeiro é a imigração dos japoneses no Brasil, tem uma história muito bonita deles vindo para cá. E tem um outro pilar que tem um peso enorme, que abre muito filme, que é a relação do neto com o avô. Então hoje essa relação está muito presente na família, o avô está muito presente, todo mundo está vivendo mais tempo, está conseguindo curtir mais os seus netos, então entendemos que esse avô vai querer ver esse filme junto com o neto dele.

Vamos trabalhar muito esses dois pilares e acreditamos que todo mundo que assistir ao filme vai gostar, porque é uma animação que tem um roteiro que conta essa parte da história, que é muito legal conhecer, sobre a vinda dos japoneses para o Brasil. E tem essa relação do avô com o neto. 

Queria partir para outros dois filmes que são baitas apostas boas, que é o Belchior e a Cássia Eller. O que você pode falar sobre esses filmes até o momento? 

Cada um está em um estágio. O “Belchior” já filmou boa parte, tem uma pequena parte só que vai entrar em finalização agora. Estamos planejando lançar no primeiro semestre. A cinebiografia é um projeto que gostamos aqui na H2O. Só que fazemos uma seleção muito criteriosa, porque muitas vezes as pessoas são conhecidas, são grandes talentos cantando, mas tem que ter uma história que desperte curiosidade.

E o Belchior e a Cássia são pessoas que a vida desperta uma curiosidade muito grande. Primeiro o Belchior, que abandonou todo o sucesso dele no auge, sumiu, houve até toda uma comoção brasileira, “Por onde andas, Belchior?”, então vamos explorar muito isso na campanha e acreditamos que tem uma curiosidade enorme mesmo, nas pessoas saberem um pouco mais o porquê.

E Cássia é um projeto que estamos envolvidos há dez anos, lançamos o documentário da vida de Cássia, que na época foi um documentário que, se eu não estou enganado, fez aí em torno de 90 mil espectadores, para você ter uma ideia. 

E aguardamos muito esse tempo para lançar o filme, é uma produção da Migdal, a Iafa Britz é uma produtora incrível, excelente, muito cuidadosa. E a estratégia nossa era trazer muito a família, a Maria Eugênia e trazer o Chicão para o projeto. Queria a permissão deles e o envolvimento deles nesse projeto. E aí passou um tempo, logo depois do documentário deu uma exposição muito grande, eles pediram que não fosse naquele momento, e respeitamos. E agora conseguimos nesse momento e os dois estão super envolvidos no projeto.

Acreditamos realmente que o filme tem um poder comercial muito grande. A Iafa está mergulhada nisso, vai entregar um filme fantástico e entendemos que o filme é extremamente comercial. Eu não tenho dúvidas que Cássia vai ser uma das maiores bilheterias de cinebiografia que o Brasil já viu. Acho que é um filme que, além dos grandes sucessos de Cássia, tem uma história que é muito comovente, sobre a guarda do filho ficar com a esposa da Cássia. Os avôs do Chicão estavam querendo a guarda, mas a justiça concedeu o que era um desejo da Cássia de seu filho ficar com a Maria Eugênia. Então vamos retratar muito o que foi esse tsunami chamado Cássia Eller. Estamos projetando para o final do próximo ano.

Além dessas duas grandes apostas, um filme que também entra em produção, que vamos entregar ano que vem, é “O Tio Quase Perfeito 3”, com o Majella. “O Tio Quase Perfeito” é uma franquia, já é uma marca consolidada. O primeiro fez quase um milhão de espectadores. Para você ter uma ideia, no Telecine o filme foi muito forte. A Globo bateu uma audiência absurda tanto no horário prime, quanto na Sessão da Tarde, uma das maiores audiências. 

Para o começo do próximo ano, começando a campanha no final deste ano, um projeto que acredito muito e tem um público é “Colegas 2”. Estamos projetando no começo do ano que vem, mas a campanha vem em dezembro. Entendemos que depois do “Colegas 1” e toda a repercussão, todos os prêmios que ganhou, as pessoas sabem sobre o filme. Então, a gente vem com uma campanha forte.

Ainda tem dois filmes que, cada um com seu com seu foco, lançamos ainda esse ano. “Estranho Amor” vem baseado numa série que foi muito forte na Record, então é uma propriedade também já conhecida, tem um propósito, um filme muito forte. É um tema que acreditamos que é duro de assistir, mas as pessoas querem assistir, querem ver e é um filme positivo no final. Então, todo mundo quer assistir, vai sair com um lado positivo que o filme demonstra. E “Trago o Seu Amor”, que é um filme que fala com o jovem, é um filme muito do mercado, na rede e no digital, também vem esse ano com muita força. Entendemos que o elenco tem um público de fã nas redes que vamos atingir.

Só um projeto que fizemos um pequeno teaser, assim, que eu gostaria de destacar para finalizar, que é o novo projeto do Guel, “É Preciso Cantar”. Esse filme a ideia é entrar em produção no próximo ano. Depois do grande sucesso do Guel com “O Auto 2”, é um filme que mistura toda a repressão que teve da ditadura com o mundo dos festivais de música. Estamos na oitava ou nona versão do roteiro. O Guel está trabalhando muito junto com Jorge Furtado nesse roteiro. Vem um roteiro incrível e a ideia do nosso planejamento é produção ano que vem para apontar para ou final do ano ou início de 2027, mais provável no início de 2027. 

Para finalizar, tem um projeto que não falamos em Campos e eu vou dar para você aqui com exclusividade que é o “Calendário do Amor”, uma produção da H2O Produções com a a Sentimental. É uma comédia também, mas é uma comédia mais ácida, falando do relacionamento do casal, mas falando do sexo mesmo, sem tabu. A gente entra em produção agora esse ano e é um filme para o ano que vem também.

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