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30 Julho 2025 | Redação

Novos acordos da Paris Filmes com a Globo e Amazon/MGM devem render quatro filmes ao ano

Expectativa é ajudar a elevar o market share nacional com produções que podem chegar a um orçamento de até R$ 50 milhões

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(Foto: Divulgação)

Recentemente a Paris Filmes fechou acordos inéditos com os Estúdios Globo e com a MGM/Amazon que prometem elevar o nível de produções nacionais, e também ajudar a aumentar o market share do cinema brasileiro. O anúncio foi feita em primeira mão durante a 16ª edição do Show de Inverno, no mês de junho, e em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor, Marcio Fraccaroli, diretor da Paris Filmes, revelou que a parceria Paris Filmes/Downtown Filmes será responsável distribuir quatro filmes oriundos dos acordos por ano nos cinemas brasileiros.

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A parceria entre Paris e Downtown, aliás, é de longa data. Nos últimos 20 anos a parceria vendeu mais de 150 milhões de ingressos e foi responsável por colocar filmes brasileiros em competição com os estúdios americanos nas salas de cinema. Para Fraccaroli, inclusive, o modelo conjunto de distribuição permitiu que fosse criada uma maneira de distribuição capaz de atender o Brasil de Norte a Sul de forma mais assertiva.

"No momento que fizemos a fusão, decidimos, Bruno Wainer e eu, que a Downtown tomaria conta do Rio de Janeiro para cima, e a Paris tomaria conta do Rio de Janeiro para baixo. Estou falando de exibidor, de marketing, de ações promocionais, de promoção e marketing voltado para cada mercado. Isso nos deu uma amplitude e conseguimos ser diferentes de qualquer empresa, conseguindo fazer promoções no Acre e em Santa Catarina. A estratégia estava certa porque atendíamos melhor o cliente e ocupamos, com coragem, datas muito importantes que eram julho e janeiro, que o cinema normalmente não dava espaço porque são momentos que concentram filmes americanos de grande porte. Ali construímos uma história", relembra Fraccaroli.

A parceria Paris/Downtown, aliás, foi essencial para que os acordos com Estúdios Globo e Amazon/MGM fossem costurados. Em um momento classificado pelo executivo da Paris como "crise de produção", Fraccaroli e Bruno Wainer, CEO da Downtown Filmes, se uniram para mostrar às plataformas de streaming a importância da janela de exibição de obras audiovisuais nos cinemas.

"Fui provar a essas plataformas que nós seríamos capazes de trazer retorno de imagem de produto a projetos que depois de determinadas datas poderiam estar nas plataformas. As plataformas tinham dúvidas e foi um trabalho longo nosso para convencer a Amazon e os Estúdios Globo a nos darem a distribuição. Naquele momento eu e Bruno tínhamos que nos juntar de novo para prestar um bom trabalho a esses dois estúdios e hoje estamos muito felizes, honrados e orgulhosos que eles olharam o cinema como um parceiro", destacou Fraccaroli.

Agora, diante das novas parcerias, o cinema nacional ganhará projetos maiores do ponto de vista orçamentário, que elevarão os níveis das produções.

"A média de orçamento de um filme brasileiro oscila entre R$ 9 milhões e R$ 15 milhões, e os Estúdios Globo e a MGM/Amazon executam um orçamento acima de R$ 25 milhões, entre R$ 25 milhões e R$ 50 milhões. São projetos maiores e que terão mais musculatura na tela de cinema. Todos ganham: o consumidor, que vai poder viver essa experiência de ter um cinema brasileiro; o Brasil, que vai ter um cinema melhor do ponto de vista orçamentário na tela; o exibidor, que vai ter a oportunidade de passar o filme antes dos streamings e filmes de maior qualidade; e o mercado brasileiro, que vai dar uma referência ao consumidor brasileiro que o cinema brasileiro está melhor produzido. Nós vamos trabalhar com eles, quais filmes a gente entender que tem musculatura para a sala de cinema, vamos levar, quais eles entenderem que tem musculatura para ir direto para o streaming, eles vão levar direto para o streaming", completou o executivo.

Na prática, deverão ser dois filmes anuais produzidos pela MGM/Amazon que chegarão aos cinemas, e também dois filmes dos Estúdios Globo. A primeira produção da parceria com a MGM/Amazon, aliás, chegará aos cinemas no dia 9 de outubro com Perrengue Fashion.

Em uma cabine exclusiva realizada para exibidores no dia 16 de julho, inclusive, Perrengue Fashion foi exibido e Rodrigo Guimarães, Head de Filmes Brasil na Amazon MGM Studios, reforçou o poder orçamentário das produções previstas na nova parceria.

"Essa é nossa primeira iniciativa de lançar um filme no cinema. Sou responsável pela área de filmes na Amazon e sempre busquei produzir filmes que também tivessem o potencial de serem lançados no cinema. O nosso valor de produção é muito acima do valor de produção médio do cinema nacional, que é um meio que a companhia nos dá", disse na ocasião.

Perrengue Fashion, inclusive, é uma das grandes apostas da Paris Filmes para o ano de 2025 e o trailer do filme já conta com mais de 10 milhões de visualizações e 12 milhões de impressões, tendo atingido um milhão de visualizações apenas no primeiro dia em que esteve no ar.

"São dois filmes anuais [dos Estúdios Globo] e da Amazon devem ser dois anuais também, mas este ano eles estão descompensados. Então deverá ser um neste ano, dois o ano que vem da Amazon e aí entra em giro. No total, devemos ter quatro filmes por ano, somando os dois estúdios. O mercado ganhou quatro filmes por ano que podem ajudar, no final do ano, a ter um Market share melhor de cinema nacional. Isso é bastante relevante", explicou Fraccaroli.

Aliás, um ponto importante a ser destacado, é que o recente acordo entre Amazon MGM Studios e Sony para a distribuição de filmes fora da América do Norte, não interfere no acordo fechado com a Paris/Downtown. Os filmes americanos serão distribuídos por estúdios americanos, os filmes que a Amazon produzir em língua inglesa serão distribuídos por estúdios americanos, enquanto os filmes brasileiros produzidos pelo estúdio serão distribuídos pela parceria entre Paris Filmes e Downtown Filmes.

"Nós somos pessoas de cinema e eles são pessoas de televisão ou de streaming. Eles são muito diferentes de nós e foi um trabalho bastante bom em provar que o cinema é uma janela que não precisa ser pulada, e que pode trazer benefício para o streaming e pode trazer benefício para o Estado brasileiro. Esses filmes serão feitos com dinheiro privado, não tem dinheiro público e eles têm o poder da decisão de fazer o que eles querem. Não é como um filme financiado pela Ancine ou pelo governo que é obrigado a passar pela sala de cinema. Esses filmes são feitos com dinheiro privado, então nada mais é do que nós termos conseguido convencer estúdios a colocar dinheiro privado no negócio", encerrou Fraccaroli.

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