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09 Setembro 2025 | Yuri Cavichioli

Novo longa da Pandora Filmes, “Sonhar com Leões” põe o tema eutanásia em evidência e instiga debate

Estrelada por Denise Fraga, coprodução entre Brasil, Portugal e Espanha chega aos cinemas depois de amanhã (11)

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(Foto: Divulgação)

O Portal Exibidor entrevistou a equipe de Sonhar com Leões (Pandora Filmes), novo longa protagonizado pela atriz Denise Fraga, em uma comédia corajosa que aborda o tema da eutanásia. Dirigido e roteirizado por Paolo Marinou-Blanco, a história tragicômica acompanha a jornada de Gilda, personagem que tem diagnóstico terminal e que decide buscar uma forma digna de morrer. Marcado para estrear no próximo dia 11 de setembro, o longa é coproduzido por Brasil, Portugal e Espanha, ampliando seu alcance dentro e fora do país.

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Inspirado pela experiência pessoal de Paolo Marinou-Blanco diante da morte do pai, Sonhar com Leões parte de histórias íntimas para falar de escolhas universais. No longa, Gilda descobre que tem apenas um ano de vida e, entre tentativas frustradas de suicídio e encontros improváveis, cruza o caminho de Amadeu, também em estado terminal. Juntos, embarcam numa jornada tragicômica que questiona limites, afeto e a possibilidade de decidir como — e quando — se despedir.

Com um elenco que reúne Denise Fraga, João Nunes Monteiro, Joana Ribeiro, Sandra Faleiro, entre outros, o cerne do filme é a eutanásia, onde o diretor parece buscar retratar com crítica social em diversos momentos — seja do acesso desigual à medicina à lógica economicista que atravessa o cuidado. O filme também tangencia saúde mental ao problematizar o que significa “estar doente” e quem deve decidir os limites do sofrimento. Além de encarar um ponto sensível: falar de morte é tabu em boa parte do mundo ocidental, e justamente por isso a conversa precisa sair da sombra.

“O filme vai ser lançado no Brasil inteiro em 130 salas, que é uma coisa grande para a Pandora, bastante ousada. Essa união de forças, com Capuri Filmes aqui no Brasil, Darya Films e Promenade Films de Portugal e Cinética Filmes da Espanha, mostra como é vigoroso quando a gente consegue fazer cinema”, observa Denise.

As diferenças de métodos de trabalho entre equipes de países distintos exigiram soluções criativas para cronograma, orçamento e coordenação técnica, resultando em produções mais consistentes, confiáveis e sustentáveis para todos os elos da cadeia cinematográfica.

“A coprodução é orgânica, reunindo talentos e técnicos dos três países e acessando diferentes mecanismos de fomento e circulação, seja nas cotas de tela e benefícios locais. A estratégia amplia a competitividade do título no circuito comercial, depois de validar público e conversa crítica no circuito de festivais”, celebra Paolo durante a entrevista.

Mais do que unir talentos, a colaboração entre profissionais de contextos culturais distintos trouxe um olhar renovado sobre o desenvolvimento do filme. Essa diversidade não apenas eleva a qualidade estética e técnica da entrega final, como fortalece o posicionamento do título no mercado internacional, mostrando que coproduções podem gerar valor artístico e comercial simultaneamente.

“A gente teve sorte, mas foi maravilhosa essa mistura de culturas, de equipes e de elenco. Você aprende muito ao ser confrontado com uma estética de trabalho diferente da sua”, comenta Paolo ao falar da experiência de compartilhar a produção, trazendo também um olhar sobre os desafios logísticos, mas também qualidade e riqueza estética.

A recepção em países culturalmente distantes, do México à Arábia Saudita, indica que a experiência coletiva da sala potencializa a empatia e a interpretação do filme: a interação entre os espectadores acrescenta novas camadas à obra, ao mesmo tempo em que contribui para gerar debates relevantes e ampliar sua presença em diferentes mídias.

Ao revelar que a intenção também era abordar questões de eutanásia, saúde mental e desigualdade no acesso à medicina, o diretor provoca reflexão, extremamente importante para desmistificar determinados tabus. “Incitar debate sobre legislar ou pensar em eutanásia de forma consciente”, explica Paolo.

“A sala é um lugar para você se reconhecer… e a arte serve para recuperar o fascínio pela existência. Essa dimensão compartilhada em que um riso puxa outro, e um choro encoraja o outro a chorar, ajuda a abrir espaço para falar sobre um tema difícil, reforçando o papel da exibição em sala como lugar de mediação emocional e social”, completa Denise.

A respeito do momento que entra em cartaz, o diretor celebra: “Lançar o filme neste momento é ótimo, porque coincide com a ótima recepção em Gramado”, avalia Paolo Marinou-Blanco. Para o produtor de Sonhar com Leões, Eduardo Capuri, a trajetória também se apoia em uma engenharia de coprodução que inclui Ancine — com o Fundo Setorial do Audiovisual — e o Eurimages, principal fundo de coprodução europeu.

“Esse modelo de financiamento fortalece não apenas a obra, mas a cadeia produtiva audiovisual, mostrando como coproduções bem estruturadas aumentam competitividade e visibilidade no mercado. Isso amplia o impacto do filme, não só no Brasil, mas globalmente”, aponta Eduardo.

A recepção positiva em festivais e a interação do público demonstram que o filme tem potencial de performance nas salas de cinema, ao mesmo tempo em que mantém relevância crítica. A capacidade de provocar debates importantes potencializa o valor do título tanto para distribuidores quanto para parceiros comerciais.

Entre humor ácido, recursos formais que convidam o público para dentro da narrativa e um desenho de coprodução competitivo, Sonhar com Leões conecta mercado e debate público. É um filme que organiza uma conversa madura sobre autonomia e cuidado, sem abrir mão de provocar quem assiste.

Sonhar com Leões construiu sua carreira em festivais, como Tallinn Black Nights (Estônia), Red Sea (Arábia Saudita), Guadalajara (México) e em Gramado (Brasil) —, consolidando a circulação internacional antes do lançamento no Brasil. A Pandora Filmes assina a distribuição nacional, com estreia em 11 de setembro.

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