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01 Outubro 2025 | Yuri Cavichioli

"O cinema brasileiro tem mais possibilidade de contar histórias do que no passado", ressalta painelista na Expocine 25

Players do mercado debatem como análise de dados e inteligência artificial podem transformar a criação, os riscos de mercado e a experiência do espectador

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(Foto: Yuri Cavichioli)

Durante o segundo dia da EXPOCINE 25, o painel Big Data, Pequeno Risco: O Que Sobrou da Coragem no Cinema?, mediado por Priscila Beltrame, sócia da CQSFV Advogados, reuniu Adrien Muselet, diretor de conteúdo da Paris Entretenimento, e Aline Zambrini e Fernando Cabral, ambos da Tomun, para debater como dados, tendências de público e inteligência artificial estão transformando a produção audiovisual, impactando na criatividade, risco financeiro e expectativas do mercado.

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Os participantes exploraram como o setor audiovisual utiliza dados para reduzir riscos em projetos caros e complexos, como filmes e séries. Em um cenário de instabilidade econômica e mudanças rápidas no consumo, a predição precisa ser combinada com a capacidade de antecipar diferentes cenários e se preparar para os possíveis resultados.

“Esse título daqui quando for lançado, ele pode fazer X milhões de espectadores, mas isso funciona dentro de um cenário mais controlado. Estamos numa era disruptiva, e precisamos imaginar vários cenários possíveis para manobrar conforme o que vai acontecendo e você não sabe ainda muito bem o que é”, explicou Aline.

O debate também abordou o uso crescente da inteligência artificial na produção audiovisual. A discussão ressaltou que, embora a IA possibilite novas formas de criação e reduza custos, os dois representantes da Tomun destacaram os riscos relacionados a empregos, qualidade criativa e processos tradicionais. O painel indicou que a IA funciona como ferramenta de suporte, mas não substitui a percepção e experiência humanas, essenciais para a recepção do público.

A estratégia de olhar para dados históricos, como preferências de gênero e desempenho de obras anteriores, ajuda os produtores a entender melhor o espaço que seu projeto pode ocupar e o tamanho de sua audiência potencial.

Uma das perguntas foi sobre como os produtores podem projetar o sucesso de seus projetos para os próximos anos, já que grande parte das análises de mercado se baseia em dados passados. Adrien Muselet destacou que, apesar da dificuldade de prever com precisão o futuro, ignorar essas informações é um erro. “A habilidade de compreender o que agrada ao público é uma competência que deve ser desenvolvida pelos criativos. Isso é uma desculpa para não fazer o dever de casa", afirmou Adrien ao ressaltar que estudar tendências e padrões históricos continua sendo fundamental para orientar decisões estratégicas no audiovisual.

Questionado sobre a dimensão ética no uso da IA dentro do mercado do audiovisual, Fernando ressaltou que o setor parece menos preocupado com regras e mais atento às necessidades de mercado. “Eu vejo mais o cinema transformando a ausência de IA em argumento de venda, em vez de reforçar onde ela foi usada. Hoje, pessoalmente, não me incomoda descobrir depois que um filme utilizou a tecnologia em algum detalhe. Os desafios que percebo estão mais ligados a questões comerciais do que éticas”, observou.

O painel evidenciou que, mesmo em um cenário de mudanças rápidas e incertezas, dados, análise de tendências e tecnologias como a inteligência artificial não substituem o olhar humano nem a compreensão do público. O equilíbrio entre inovação, criatividade e consciência de mercado continua sendo o principal fator para que projetos audiovisuais consigam reduzir riscos e alcançar relevância, mostrando que a coragem na produção depende tanto de saber usar a tecnologia quanto de entender quem irá consumir a obra.

Confira como foi o segundo dia da Expocine 2025

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