01 Outubro 2025 | Yuri Cavichioli
“O mercado reflete o que a gente vê na tela”, afirma painelista em debate sobre formação e inclusão
Em painel na Expocine, representantes do Nós do Morro, Globo e Casa Ojô destacaram a importância de iniciativas de capacitação para ampliar oportunidades e fortalecer o mercado
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O painel Formar é incluir: Como a formação abre caminhos no audiovisual, último do segundo dia da EXPOCINE 25, discutiu o papel das iniciativas de capacitação como agentes de transformação do setor. Mediado por Alessandra Meleiro, do Instituto Iniciativa Cultural, o debate contou com a participação de Luciana Bezerra, Nós do Morro; Elisio Lopes Jr., da TV Globo; e Davi Heller, da Casa Ojô.
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A mesa reforçou como o processo de formação ultrapassa a simples transmissão de técnicas, envolvendo também a criação de condições para permanência, inclusão e multiplicação de saberes. No centro das falas, esteve a ideia de que a diversidade precisa se refletir tanto nas equipes quanto nas obras que chegam às telas, o que demanda continuidade e modelos de ensino que vão além da formalidade acadêmica.
Primeira a responder, Luciana destacou a trajetória de quase 40 anos do Nós do Morro, escola experimental sediada no Vidigal. Para ela, a permanência da instituição é explicada pelo compromisso coletivo de quem passa pela experiência de formação e retorna como multiplicador. “O mercado reflete o que a gente vê na tela”, afirmou, ao defender que a diversidade só se concretiza quando há espaços para diferentes perfis e talentos se desenvolverem. Luciana também chamou atenção para a importância da escuta e da valorização da autoestima dos jovens que chegam à instituição, ressaltando que a formação, nesse contexto, não é apenas técnica, mas também social e comunitária.
Na sequência, Elisio ressaltou que sua obra, no teatro, televisão e cinema, nasce do desejo de contar histórias múltiplas, sempre a partir de perspectivas negras. Segundo ele, a diversidade não pode ser restrita a narrativas de racismo, mas deve contemplar experiências cotidianas de afeto, humor e fantasia. O diretor da Globo reforçou ainda que a pluralidade precisa estar presente também nos bastidores: “Diversidade não é só representatividade em cena, mas também na sala de roteiro e na sala de direção”.
Davi abordou o impacto econômico da diversidade nas empresas, ao dividir o processo de formação em quatro atos: “O primeiro é o ciclo básico de formação, dados apontam que de cada três crianças brasileiras, uma enfrenta ansiedade ou sofrimento emocional que afeta no aprendizado. O segundo é o jovem, onde 62% deles se sentem emocionalmente despreparados para escolher uma profissão. O terceiro é o ensino superior, onde 58% dos universitários vivenciam sintomas de ansiedade ou exaustão tão emocional. Mas calma, ainda não acabou: a realidade do quarto ato, mercado de trabalho, é que 75% das organizações dizem que valorizam soft skills tanto quanto hard skills, ou seja, a capacidade de lidar com desafios, dilemas, relacionamentos. E, segundo as empresas, elas encontram valor nisso. Mas, vocês que gostam de plot, segundo dados do Ministério da Previdência Social, o número de afastamentos pelo INSS de pessoas sofrendo transtornos mentais, comportamentais, foi um recorde histórico. 440.000 pessoas em 2024 foram afastadas do mercado de trabalho formal. Nesse momento, a gente já tem dados para afirmar que desumanizar pessoas prejudica o desempenho financeiro”.
O painel encerrou destacando que formar é também incluir, seja em escolas comunitárias, laboratórios de narrativas ou dentro das grandes empresas de mídia. A conclusão comum dos participantes foi que ampliar a diversidade na base de formação fortalece a indústria como um todo, garantindo inovação, sustentabilidade e novos públicos para o mercado audiovisual.
Confira como foi o segundo dia da Expocine 2025
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