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21 Novembro 2025 | Yuri Codogno

6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais indica que costume de ir aos cinemas está relacionado com a quantidade de salas à disposição

Informações do levantamento, somado à recente pesquisa realizada pelo Portal Exibidor, apontam a importância de ter um parque exibidor amplo

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(Foto: Divulgação)

Na última semana, a 6ª edição do Hábitos Culturais, estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Datafolha em parceria com a Fundação Itaú, revelou que 37% da população foi aos cinemas pelo menos uma vez nos últimos 12 meses. O levantamento, somado às informações divulgadas recentemente pelo Portal Exibidor, apontou que a quantidade de salas de exibição à disposição é determinante para a criação do hábito de ir ao cinema. 



A amostra é baseada em 2.432 entrevistados brasileiros, de 16 a 65 anos, sendo que 43% são moradores do Sudeste, 14% do Sul, 27% do Nordeste, 9% do Norte e 8% do Centro-Oeste. Além disso, a amostra aponta que 84% dos entrevistados realizaram alguma atividade cultural presencial nos últimos 12 meses, enquanto 90% realizou alguma atividade cultural dentro de casa.  

No recorte de cinema, há uma predominância maior do Sudeste, com 47% dos entrevistados locais relatando terem ido ao menos uma vez às salas escuras nos últimos 12 meses. As outras regiões obtiveram percentuais abaixo: Sul e Centro-Oeste (38%), Norte (27%) e Nordeste (25%). Desta forma, é difícil desvincular a ideia de que, quanto mais cinema na região, maior o costume de frequentá-los. 

Das mais de 3,5 mil salas em funcionamento no Brasil, quase 1,8 mil estão em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ou seja, mais de 50% das salas do Brasil estão distribuídas em somente três estados que, juntos, somam cerca de 85 milhões de habitantes (39% de toda população nacional). Se considerar apenas São Paulo, o estado concentra 31% das salas de todo o país, com aproximadamente 1,1 mil salas - ou seja, 21% da população brasileira tem acesso a mais de 30% dos cinemas dentro do território nacional. 

As regiões Norte e Nordeste, por sua vez, somam pouco mais de 800 salas, divididas em 16 estados que totalizam aproximadamente 75 milhões de habitantes. Assim, são somente 22% das salas de cinema do Brasil para 35% da população nacional.

Já a região Sul, com 31 milhões habitantes, tem cerca de 550 salas de cinemas; e a região Centro-Oeste, com 17 milhões de habitantes, tem 282 salas de exibição.

Levando em consideração que o levantamento do Instituto de Pesquisas Datafolha apontou que o Sudeste é a região com maior porcentagem de ida ao cinema, seguido por Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e que, nessa mesma ordem, tais regiões são as que mais possuem salas cinema, dois números exemplificam a desigualdade no Brasil: a quantidade de habitantes por salas de cinema, e a quantidade de salas de exibição para cada milhão de habitantes: 

  • - Sudeste: 88,5 milhões de habitantes e 1833 salas de cinema. São 48,2 mil moradores por sala e, para cada um milhão de habitantes, há 20,7 salas de cinema à disposição.
  • - Sul: 31 milhões de habitantes e 550 salas de cinemas. São 56,6 mil moradores por sala e, para cada um milhão de habitantes, há 17,7 salas de cinema à disposição.
  • - Centro-Oeste: 17 milhões de habitantes e 282 salas de cinema. São 60,2 mil moradores por sala e, para cada um milhão de habitantes, há 16,5 salas de cinema à disposição.
  • - Norte: 18,4 milhões de habitantes e 223 salas de cinema. São 82,5 mil moradores por sala e, para cada um milhão de habitantes, há 12 salas de cinema à disposição.
  • - Nordeste: 57 milhões de habitantes e 600 salas de cinema. São 95 mil moradores por sala e, para cada um milhão de habitantes, há 10,5 salas de cinema à disposição.

Os números de cinema e população são baseados no levantamento realizado pelo Portal Exibidor ao final de 2024. 

Apesar do levantamento da Folha apresentar dados factuais, com a soma de outras informações observa-se que o número de salas de cinema é um fator determinante para a criação do hábito de ir às salas de exibição. Logo, um parque exibidor melhor distribuído, com a chegada de mais salas em locais onde ainda há pouca oferta, pode ser a chave para o crescimento de público e renda. 

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE CINEMA

A 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais apontou também outros números interessantes sobre os cinemas. Um deles é que, quanto mais jovem, maior o costume de frequentar as salas de exibição: 16 a 24 anos (53% foram ao menos uma vez nos últimos 12 meses), 25 a 34 anos (45%), 35 a 44 anos (35%) e 45 a 65 anos (27%). 

Por fim, a pesquisa também revelou os motivos das pessoas irem aos cinemas (números relacionados a 2025, 2024 e 2023, respectivamente) :

  • - Ser um passeio para levar as crianças, diversão para os filhos (48%, 43% e 40%)
  • - Interação com as pessoas, encontrar amigos (32%, 32% e 34%)
  • - Tamanho da tela e a qualidade do som (26%, 26% e 25%)
  • - Ineditismo e semelhantes (25%, 26% e 31%)
  • - Efeitos especiais (14%, 12% e 14%)
  • - Sessões temáticas ou nostálgicas (13%, 10% e 14%)
  • - Salas com formatos premium (10%, 8% e 12%)
  • - Pipoca (10%, 12% e 13%)
  • - Espaço para namorar (6%, 6% e 8%)
  • - Única opção cultural no bairro/cidade (4%, 4% e 7%)
  • - Debate com diretores e realizadores (3%, 3% e 5%)
  • - Tema do filme e sua qualidade (2% responderam espontaneamente em 2025)
  • - Sair da rotina (2% responderam espontaneamente em 2025)

A pesquisa do Datafolha apontou que o cinema aparece como a terceira maior preferência entre as atividades out of home (37%), atrás apenas de shows musicais (45%) e eventos ao ar livre (61%). Além disso, as atividades culturais presenciais são mais realizadas em regiões metropolitanas, entre pessoas autodeclaradas brancas e crescem à medida que aumenta a escolaridade e a classe econômica. São menos realizadas entre quem têm 45 a 65 anos e em municípios de pequeno porte.

RESULTADOS IN HOME

A pesquisa também revelou quais são os hábitos culturais das pessoas dentro das próprias casas. Em geral, as atividades culturais em casa ou online são mais realizadas entre residentes nas regiões metropolitanas, pessoas que se autodeclaram brancas e à medida que aumenta a escolaridade e a classe econômica. São menos realizadas na faixa etária dos 45 a 65 anos e em municípios de pequeno porte.

Em um recorte audiovisual, nos últimos 12 meses 53% dos entrevistados assistiram novelas, 70% acompanharam alguma série em plataformas online e 74% assistiram ao menos um filme nos streamings. O acesso aos streaming é de 86%, apresentando uma estagnação em comparação com o ano passado. 

A relação entre assistir filmes em plataformas de streaming e a ida ao cinema gera opiniões divididas. Para metade dos entrevistados, a frequência de ida ao cinema diminui com a ascensão das plataformas; para a outra metade, não mudou. 

Entre residentes na região Sudeste é mais comum afirmar que assistir filmes online diminuiu a frequência de ida ao cinema, assim como entre residentes em regiões metropolitanas. O impacto do streaming na diminuição da ida ao cinema também foi mais percebido conforme aumentam os anos de escolarização. 

Entre os motivos apresentados para não sair de casa, estão: Finanças (34%), Valor do Ingresso (22%), Gastos com Deslocamento (19%), Cansaço/Desânimo/Preguiça (26%), Incompatibilidade de Horário (24%), Descolamento (21%) e Ausência de Equipamento Cultural (7%). Por fim, 4% das pessoas disseram sentir falta de cinema na cidade em que vivem. 

Confira a pesquisa na íntegra.

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