22 Outubro 2025 | Gabryella Garcia
Após sucesso no Festival do Rio, #SalveRosa leva tema da exposição infantil aos cinemas: "É um grito por proteção"
Portal Exibidor conversou com a diretora Susanna Lira sobre expectativas para o lançamento após três prêmios no Festival do Rio
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Depois de grande sucesso no Festival do Rio, onde conquistou três prêmios, #SalveRosa (Elo Studios) chega aos cinemas amanhã (23) cercado de expectativas. O longa trata de questões como exploração e exposição infantil na internet, convidando o público a refletir sobre a visibilidade exagerada que as redes sociais e a sociedade atual expõem a todas as pessoas, inclusive crianças. Em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor, a diretora Susanna Lira revelou que o filme parte de uma inquietação sobre o modo como a infância vem sendo capturada e explorada nas redes sociais.
No dia 12 de outubro, aliás, #SalveRosa conquistou os prêmios de Melhor Longa-Metragem de Ficção: Voto Popular, Melhor Atriz (Klara Castanho) e Melhor Figurino (Renata Russo), na 27ª edição do Festival do Rio. O longa que foi ovacionado em suas exibições no evento é produzido pela Panorâmica, em coprodução com a Elo Studios e a Paramount Pictures.
"Foi um processo muito desafiador, intenso e necessário. Dirigir esse filme foi como atravessar um espelho: de um lado, a ficção, o suspense, a linguagem cinematográfica; do outro, um retrato direto do nosso tempo, onde os limites entre visibilidade e vulnerabilidade se confundem. Eu quis tratar desse tema sem moralismo, mas com urgência. Porque, no fundo, estamos falando de um grito por proteção, de um pedido de socorro que vem das nossas próprias crianças", destacou Lira.
O suspense traz um clima de tensão e mistério ao acompanhar a jovem Rosa (Klara Castanho), cuja fama transforma a rotina ao lado da mãe, Dora (Karine Teles), e revela camadas sombrias e perturbadoras. Ao se mudarem para um condomínio fechado no Rio de Janeiro, Dora não mede esforços para cuidar da carreira da filha, mas em um thriller repleto de reviravoltas, nem tudo é o que parece.
Com o tema da exploração infantil se tornando cada vez mais evidente e ganhando espaço nos debates da sociedade, a diretora também destacou o papel do cinema como um espaço de encontro entre pessoas, ideias e emoções.
"Ter '#SalveRosa', um clássico suspense, nas salas é reafirmar que o cinema brasileiro tem fôlego para dialogar com o público sobre temas complexos e contemporâneos. É um filme que provoca, que convida à conversa depois da sessão, que faz o espectador sair diferente de como entrou. E isso só acontece plenamente na tela grande, na imersão do escuro da sala, onde a imagem e o som tem potência transformadora", disse.
A relevância do tema, aliás, foi evidenciada pela própria protagonista, Klara Castanho, que falou sobre o desafio de dar vida à Rosa durante apresentação da Elo Studios na Expocine 25.
"'#SalveRosa' é um, senão o maior, desafio da minha carreira. Tenho um grande apego e desejo que essa história chegue ao maior número de pessoas possíveis. O projeto é de quatro anos, mas não tem melhor momento para sair. Peço para que os exibidores programem nosso filme. E se pudermos fazer o alerta e evitar que essa história volte a se repetir", disse.
A união de uma boa história com uma boa produção e um tema relevante para a sociedade já seriam suficientes para gerar grandes expectativas em #SalveRosa, e agora, com o sucesso no Festival do Rio, a ansiedade de Lira só aumenta. Em um momento especial para o cinema brasileiro como um todo, a diretora comemorou a conexão de público e crítica com o filme, e afirmou que o mercado exibidor pode esperar uma produção de sucesso e com capacidade de encher as salas de cinema.
"A recepção no Festival do Rio foi muito emocionante e me deu a sensação de que tocamos em algo essencial. As expectativas agora são de ampliar esse diálogo. O mercado exibidor pode esperar um filme nacional de gênero, um thriller psicológico, que não abre mão da emoção nem da reflexão. É entretenimento com densidade, com um tema urgente, com atuações potentes. ‘#SalveRosa’ prova que o cinema brasileiro pode ocupar todos os espaços: o do impacto, o da beleza e o da consciência", disse.
O atual momento do cinema brasileiro como um todo, aliás, também foi abordado durante a entrevista com a diretora. O protagonismo do Brasil no cenário mundial do audiovisual é inegável após premiações em diferentes festivais internacionais, e além disso, o market share de produções nacionais também apresenta um ligeiro crescimento em relação ao último. Em 2024 o público de filmes brasileiros chegou a 10,1% no market share, o maior patamar desde a pandemia, e dados disponíveis no Painel Indicadores do Mercado de Exibição, da Ancine, mostram que o percentual aumentou para 10,4% neste ano. No total, o público é de 9,59 milhões para uma renda de R$ 181,59 milhões.
Sobre esse panorama, Lira apontou que ainda faltam estruturas, políticas públicas consistentes e uma distribuição mais justa para que os filmes brasileiros realmente cheguem ao público, mas também destacou que sim, o momento é especial e o cinema nacional.
"Estamos vivendo um momento muito fértil e maduro do cinema brasileiro. Há uma geração de realizadores diversos, com olhares muito autorais, que estão conquistando reconhecimento dentro e fora do país. Isso mostra que temos histórias fortes, talento e capacidade técnica para competir em qualquer lugar do mundo. Nosso desafio é garantir que esses filmes cheguem ao público, porque o público existe, e quer se ver nas telas", encerrou.
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