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01 Abril 2020 | Fernanda Mendes

Exibidores brasileiros buscam alternativas para sobreviver durante a quarentena

Venda de pipoca, financiamento coletivo, plataforma de streaming; veja como os cinemas estão se virando!

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(Foto: Divulgação)

A pandemia do novo Coronavírus gerou um cenário não visto há pelo menos 100 anos no mercado exibidor: a paralisação geral dos cinemas no mundo inteiro.

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Impossibilitados de trabalhar, exibidores precisaram dar férias coletivas aos funcionários ou até mesmo, infelizmente, demiti-los. E, enquanto não há previsão de quando os cinemas poderão voltar a funcionar, os empresários precisam encontrar alternativas de manter os seus negócios e, principalmente, manter o salário de seus funcionários.

Nos EUA, como o Portal Exibidor já reportou na semana passada, um exibidor começou a vender pipoca e itens de sua bombonière para angariar dinheiro e pagar os seus trabalhadores. Mas, ele não é o único. Aqui no Brasil mais empresários estão fazendo isso também.

A rede Cineplus, que opera sete complexos no Sul do País, começou a vender os produtos que estavam para vencer. “Fomos vender para amigos, moradores do prédio e condomínio em que moramos, para colaboradores dos shoppings onde estão os cinemas (antes deles fecharem) e para mercados e distribuidoras de bebidas que tínhamos contato”, conta Marina Pastre, diretora da rede. Ela também falou que estão fazendo delivery via WhatsApp de refrigerantes, chocolates e produtos promocionais que estão no estoque.

“Sentimos que a venda de produtos formou uma rede de pessoas que se ajudam, um amigo falando para outra pessoa que também quis comprar produtos. Sabemos que a venda por Whatsapp não gera um faturamento expressivo, mas nos motiva e também sentimos que é o que podemos fazer no momento”, explica.

O Cine Glória Valença (RJ) e o Cine Globo no Rio Grande do Sul também estão com serviços de entrega de pipoca e outros produtos em aplicativos de delivery. “Realmente aumentou o consumo de streaming, as pessoas não param de ver séries e filmes, então daremos a comodidade de chegar a pipoca em casa”, conta Roberto Levy Filho, proprietário do Cine Globo, que disse que diminuíram o valor do produto já que há o valor de frete.

A Cinemark também está com uma campanha forte de suas pipocas que são vendidas desde 2017 em alguns supermercados e lojas de conveniência no Brasil todo. “Neste momento, os fãs de cinema não podem vir até nós, mas podem se sentir numa sessão da Cinemark com a pipoca para consumir em casa”, reforça Bruno Oliveira, diretor de alimentos e bebidas da rede.

Já o cinema de rua, Petra Belas Artes, em São Paulo, lançou uma campanha de financiamento coletivo para ajudar em sua sobrevivência. A campanha, que vai até o dia 5 de maio, tem três metas: R$ 10.000,00, R$ 30.000,00 e R$ 50.000. “Temos a cerveja Petra como patrocinadora, porém, esse patrocínio é especialmente para o pagamento do aluguel do prédio, pois estamos em endereço central, para que todos cheguem ao cinema com facilidade. Entretanto, o restante é custeado pela bilheteria”, diz o comunicado oficial.

O cinema também possui o serviço de streaming Petra Belas Artes À La Carte, com diversos filmes autorais, lançado no ano passado.

A Alamo Drafthouse, cinema estadunidense, também lançou um serviço de streaming próprio após o anúncio da pandemia, o Alamo-At-Home. A plataforma exibe as programações mais famosas da rede, “Terror Tuesday” e “Weird Wednesday” (“Terça-Feira do Terror” e “Quarta-Feira Esquisita”). A Alamo está em parceria com o American Genre Film Archive (AGFA) para oferecer exibições online com conteúdos de pré-show e debates.

Perspectivas

Em meio a isso tudo, o setor se une para pedir medidas emergenciais ao Governo Federal, Secretaria do Audiovisual e Ancine. Semana passada diversas entidades assinaram uma carta pedindo a reunião do comitê gestor do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) para a liberação desses recursos que estão paralisados desde 2018.

A Ancine também estuda apoiar os pequenos exibidores que administram até 20 salas, mas nada anunciado oficialmente. O crédito seria de R$ 40 mil a R$ 90 mil.

Por isso, muitas perguntas se passam na cabeça dos players do mercado: Haverá lançamentos para exibir antes de junho? Os cinemas reabrirão quando? As pessoas irão às sessões?

Bom, nada disso ainda se sabe. Para o administrador do Cine Globo, a ideia é que, após o decreto para a reabertura dos cinemas, a programação seja de filmes de fevereiro e março, além dos sucessos do ano passado. Tudo com sessão gratuita. “Também queremos transmitir shows, peças de stand-up, para cobrarmos a pipoca e a bebida, além de um valor simbólico do ingresso”.

Marina do Cineplus acredita que a reabertura possa acontecer entre um a três meses. E, infelizmente, haverá impactos até “um bom tempo após as reaberturas”. Por isso, a rede está fazendo estudos e panoramas para entender como poderão proceder com o quadro de funcionários. No momento, todos estão de férias coletivas até metade do mês.

Roberta Gorniski, da rede Movie Arte, que tem salas em duas cidades do Rio Grande do Sul, também quer manter seus funcionários, já que, segundo ela, está com a melhor equipe que já teve. Em seus cinemas, a empresária vai oferecer promoções de ingressos e operar com menos salas e menor limite de ocupação.

Além de querer o auxílio do governo, Roberta acredita que as distribuidoras também precisam realizar parcerias com os exibidores para este retorno. “Não podem nos cobrar 50% de um ingresso que já teremos que diminuir o valor. Sei de exibidores grandes que estão inadimplentes e vão pagar por muito tempo. Os distribuidores precisam abaixar esse percentual para a gente sobreviver”.

A imprensa, segundo Marina, também deve ter parte importante em reconstruir a confiança do público em sair de casa. “Também caberá a nós como exibidores passarmos segurança e fazermos os ajustes necessários para receber o público”.

Aliás, o Cineplus iria receber novos investimentos, mas teve que “dar alguns passos para trás”, por conta do período de insegurança. “Acredito que todos nós percebemos mais do que nunca a importância de ter fluxo de caixa”, finaliza a empresária.

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