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30 Janeiro 2019 | Renata Vomero

Imovision lança novo filme do polêmico Gaspar Noé

Em coletiva de imprensa, diretor comenta seu processo de criação para "Climax"

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(Foto: Imovision)

Quatro anos depois de lançar o seu controverso Love (Imovision), o franco-argentino Gaspar Noé volta com um filme que promete levar altas doses de psicodelia ao espectador. Em Climax (Imovision), acompanhamos um grupo de dançarinos nos anos 1990, que, nas vésperas de uma grande apresentação, se une para celebrar. No entanto, as coisas começam a desandar quando o grupo percebe que alguém colocou LSD na sangria da festa, o que leva os dançarinos a entrarem em uma viagem de alucinação e psicose coletiva. “23 personagens participaram do filme, tínhamos cinco páginas de roteiro, o que me deixa até mais tranquilo do que algo mais detalhado, mas sem liberdade para trabalhar”, comentou Gaspar Noé, na coletiva do filme em São Paulo (SP) que aconteceu nesta terça-feira, dia 29.

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Todo o elenco é formado por dançarinos de rua escolhidos pela internet e desconhecidos do grande público, já que o orçamento para fazer o filme foi apertado. “Esses jovens não conseguiam acreditar que o filme foi selecionado para Cannes, mesmo não sendo na mostra principal, eles propuseram que fizéssemos um tapete vermelho, foi tudo muito chique. Nós nos unimos muito, não tivemos brigas, não digo que nos tornamos uma comunidade, mas foi uma experiência muito amigável para todos”, revelou o diretor, que complementa: “Na França, normalmente, são as pessoas de classe média que vão estudar dança, normalmente dança contemporânea, mas como fomos atrás de dança de rua, a maioria deles eram dos subúrbios, muitos deles não podiam nem pagar pela passagem de metrô e eram muito jovens. Uma vez que estavam todos juntos, notei que era um elenco muito representativo, não só formado por franceses, mas eles representavam a França que você vê no dia a dia”.

Dividido em três partes, a produção conta com longos planos sequência para dar maior vivacidade às cenas, o que transforma a experiência de ver o filme em uma perturbadora e emocionante viagem sensorial. Parte dessa transportação do público foi realizada por meio dos sons e das cores utilizadas, mas também pelos jogos de câmera, operada pelo próprio diretor. “Fiz isso não porque eu não confiava na equipe, não era isso, mas achei que seria bom estar perto dos dançarinos o tempo todo, acompanhando o ritmo deles e, claro, porque eles não estavam acostumados a serem filmados, então, facilitava mais para eu saber que ângulo pegar deles também e conseguir acompanhar seu ritmo”.

A espontaneidade das ações é algo que fica evidente no filme, grande parte da naturalidade e do realismo daquela loucura coletiva que se vê na tela foi construída com os próprios dançarinos e com muita liberdade. “Os diálogos foram todos improvisados enquanto eu filmava com a câmera, deixei que todos tentassem o que quisessem. Estava eu sozinho atrás da câmera e deixei que criassem um personagem que não fossem eles mesmos, personagens que vivessem nos anos 1990.  Então, surgiram criações muito diferentes dos atores e eram criações deles mesmos”, comenta Gaspar Noé.

Para preparar o elenco, Gaspar Noé mostrou aos seus dirigidos vídeos e filmagens da reação de pessoas aos fazerem uso de substâncias ilícitas e, também, de pessoas internadas em hospitais psiquiátricos que vivenciassem episódios de psicose. Segundo o diretor, tal material foi essencial para criar uma atmosfera de alucinação coletiva, que vai além do uso de drogas de cada indivíduo unicamente. “Sobretudo é a representação de uma psicose coletiva, pois não se sabe se há a substância química ou não, se é só medo, cansaço, são muitas as sensações que podem levar a essa experiência coletiva”. Essa perturbação também é trazida por meio dos elementos dos filmes, como a música, que fica grave durante os diálogos e as cores, que são mais escuras e com muitos tons de vermelho. “A questão das cores é que quando eu sonho, são poucas as cores que aparecem, são mais os tons de preto, branco, vermelho e amarelo, então, eu usei esses tons para trazer essa atmosfera onírica e surreal para o filme.”

Climax (Imovision) estreia no Brasil em 31 de janeiro e é o quarto filme do diretor argentino, que também assina Irreversível, Viagem Alucinante e Love (Imovision).

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