20 Agosto 2025 | Redação
"Nosso compromisso com o mercado brasileiro vai além de fornecer tecnologia, somos parceiros", destaca gerente da Barco
Gisele Freitas fala sobre homenagem à empresa que acontecerá na Expocine 2025
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Quando discutimos sobre cinema, geralmente os protagonistas são os filmes, suas histórias e seus talentos. No nosso setor, porém, a exibição e distribuição costumam ser os personagens principais de uma trama múltipla. Ainda assim, precisamos falar daqueles que são os coadjuvantes que fazem a história girar e, no segmento de nosso mercado, são as empresas que desenvolvem e oferecem tecnologia, como a Barco, que esse ano será homenageada na EXPOCINE 25, em reconhecimento ao trabalho que ajuda a viabilizar e tornar a experiência cinematográfica mais agradável.
Dando sequência às entrevistas com os homenageados da Expocine, o Portal Exibidor conversou com Gisele Freitas, gerente de vendas da Barco no Brasil. Aliás, a 12ª edição do maior evento latino do mercado cinematográfico marca também a primeira vez que fornecedores serão homenageados. E a Barco, junto à Dolby (que terá sua entrevista publicada daqui a algumas semanas), serão as primeiras empresas.
Vale ressaltar que, enquanto algumas perguntas foram feitas por nossa equipe de redação, parte da entrevista foi retirada do podcast OdeioCinema, que está exibindo episódio oriundos de uma parceria do grupo AdoroCinema com a Tonks, conglomerado que detém os direitos da Expocine e do Portal Exibidor.
“A Expocine é o ponto de encontro mais importante da indústria cinematográfica na América Latina. Ela vai além de uma feira de negócios: é um espaço onde exibidores, distribuidores, fornecedores e especialistas trocam ideias, conhecem novas tecnologias e discutem tendências que moldam o futuro do cinema. É também uma oportunidade estratégica para fortalecer relacionamentos e criar conexões que dificilmente aconteceriam em outro contexto”, comenta Gisele.
A Barco é uma empresa belga de tecnologia que, além do cinema, atua globalmente com demandas de monitores médicos, salas de controle e, como sabemos, projetores cinematográficos, mas também para outras finalidades. Fundada em 1934, a Belgian American Radio Corporation foi mudando o foco ao longo do tempo e hoje é referência no mundo do cinema.
“A Barco tenta não só fazer uma venda para o cliente, porque vender projetores é só chegar lá e colocar uma máquina. Nossa intenção nunca é essa, sempre tentamos sentar com os nossos clientes para proporcionar uma experiência maior, tanto para o dono do cinema (que às vezes são empresas familiares), quanto também para os cinemas que já são internacionais e de redes muito grandes. O que tentamos fazer é dar uma consultoria para esse esse dono de cinema que vai montar uma sala. Porque o projetor vai muito mais da tecnologia, tem que saber qual é a tela que o cliente vai usar, qual é a distância que vai ter para esse projetor. É tudo muito bem pensado e tudo bem calculado para trazer a melhor experiência para o cinema”, explica Gisele.
Para um funcionamento ideal, o projetor precisa estar bem calibrado, porque tem que ter brilho, contraste e conseguir transmitir o que o diretor quer passar naquele filme. Desta forma, a Barco busca pensar à frente, então, antes de lançar uma tecnologia, significa que houve muitos anos de estudos e que muitos engenheiros foram responsáveis por fazer tal tecnologia funcionar da melhor forma possível.
Mais do que isso, a executiva explica que cada venda precisa ser personalizada: “É uma venda bem customizada, precisa ser analisada ponto a ponto. Normalmente os cinemas nos mandam a planta quando ainda estão fazendo as salas. Eles mandam a planta, nós analisamos, calculamos e concluímos: ‘Olha, o projetor mais recomendado para essa sala é esse’. E tem a questão da lente que também muda. Então, dependendo da lente tem que ter mais foco, menos foco. Temos vários tipos de lente para se adequar ao projetor”.
Completando 15 anos na Barco em 2025, Gisele entrou na empresa ainda como estagiária. Por essa razão, ela é uma das pessoas com mais know-how para falar sobre a transição dos projetores de rolo para os digitais. Isso porque a digitalização do parque exibidor começou a acontecer exatamente no ano em que a especialista entrou na Barco, em 2010.
“Acompanhei todo período de transição, mas era muito nova de empresa quando aconteceu o VPF (Virtual Print Fee) no Brasil, que foi uma colaboração entre os donos de cinema e os estúdios para ter essa essa troca de tecnologia, porque, para quem não sabe, antes os projetores eram de rolo de 35mm. Até 2010 era de rolo. Não cheguei a trabalhar com o projetor de rolo, mas quando entrei, justamente em 2010, estava começando essa transição e tudo era muito incerto. As pessoas não sabiam porque todo mundo estava acostumado com o filme de 35mm, que era uma coisa grande, o projetor também era um objeto grande. E desde então começou essa nova reestruturação para passar para os projetores digitais”, explica Gisele.
Na época, o parque exibidor recebeu ajuda das próprias distribuidoras/estúdios para realizar a digitalização dos cinemas. Isso aconteceu porque havia um gasto muito alto com logística para distribuir os filmes, visto que os rolos de filmes eram grandes e pesados, o que encarecia o transporte. Então, sabendo que a partir daquele momento tudo seria digital, com o transporte de um simples HD (hoje em dia, com a opções ainda mais viável de distribuição via satélites), barateando os custos, houve uma união para que os exibidores pudessem adentrar na nova tecnologia o quanto antes.
“Hoje tem projetores a laser, mas na primeira onda de digitalização eram projetores à lâmpada, que são lâmpadas que têm que trocar dentro do projetor. Então, a lâmpada, dependendo do modelo do projetor, dura entre 3 mil a 6 mil horas do filme rodando. Quando vai chegando no meio da vida dela, cai um pouquinho a qualidade do brilho. Então, chegando no final, já tem que trocar. Não tem mais essa troca hoje em dia. Desde 2023, mais ou menos, estamos passando por uma nova onda, que é a troca de lâmpada para o laser, que são projetores mais sustentáveis. Agora não tem mais essa troca de lâmpada, porque quando trocava a lâmpada, também tinha que achar um lugar para fazer o descarte correto”, explica Gisele.
A Barco, por sua vez, atualmente trabalha somente com projetores a laser, com opção de projetores 2K e 4K. Entretanto, tem também uma linha chamada de Light Upgrade, em que é possível transformar projetor à lâmpada em um a laser, através de um kit retrofit. Desta forma, o exibidor que tem um equipamento mais antigo consegue, com um investimento menor, ter a tecnologia nova, ganhando uma qualidade superior na imagem de seu cinema.
Além disso, a empresa está lançando, desde o ano passado, uma tecnologia HDR para os cinemas. Mas, diferente de outras tecnologias, essa é aplicada já durante a gravação do filme, com o diretor empregando o HDR by Barco logo nas filmagens. E então o filme, se exibido em projetor HDR, terá uma qualidade ainda mais superior, deixando a experiência cada vez mais imersiva.
E, falando em experiência, a executiva destacou a importância do cinema como um evento. “Muito se falava antigamente que o streaming seria um concorrente do cinema, mas não observamos dessa maneira. A pessoa, quando quer sair de casa, quer ter uma experiência. Então, o concorrente do cinema é uma partida de futebol, é um show, é tudo que tira aquela família ou pessoa de casa para proporcionar uma experiência. E o cinema é isso, tanto que o cinema tem se remodelado, justamente para ter uma poltrona mais confortável, para ter uma tecnologia melhor. A pessoa quando vai ao cinema, quer um som muito legal, uma projeção muito legal. Ela quer ter a experiência de estar naquele ambiente com as pessoas que ela gosta, com os amigos, com a família, mas ela quer sair de casa para ter uma experiência. E muito se mostrou que quando tem um filme que é muito importante, as pessoas vão. Vimos isso com ‘Divertida Mente 2’, que levou 20 milhões de telespectadores para o cinema. ‘Barbie’ também foi um filme que você viu uma onda rosa no cinema. Então, a pessoa vai para ter essa experiência, essa magia do cinema, essa magia nunca vai ter em casa”.
Para o curto prazo, os exibidores podem esperar da Barco soluções de projeção que combinam qualidade de imagem superior, menor consumo de energia e modelos comerciais flexíveis, especialmente pensados para o cenário brasileiro. Num tempo maior, o foco da empresa é continuar líder em inovação, trazendo ao mercado tecnologias imersivas, sustentáveis e que elevem a experiência cinematográfica a um novo patamar, mantendo sempre a proximidade com os clientes e entendendo suas reais necessidades.
A Barco estará presente na EXPOCINE 25 não só como homenageada, mas também presente na Feira de Negócios (no Hotel Renaissance) e, assim como o ano passado, batiza o local onde serão feitas as apresentações das distribuidoras, a Sala Barco, no Cine Marquise, e também oferecerá um coquetel ao fim do dia 1 de outubro, o segundo do evento.
“É uma honra enorme e um reconhecimento muito especial para todo o time da Barco. Ser a primeira empresa a receber esse prêmio nessa categoria mostra que nosso compromisso com o mercado brasileiro vai além de fornecer tecnologia: estamos presentes como parceiros, ouvindo, apoiando e buscando sempre soluções personalizadas para cada cliente. Esse reconhecimento reforça que estamos no caminho certo e nos motiva a continuar inovando e investindo no setor”, finaliza Gisele.
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