Paramount, Netflix e NBCUniversal apresentam propostas para aquisição da Warner
Em meio às negociações, Netflix prometeu honrar os contratos de distribuição cinematográfica da Warner
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(Foto: Reprodução)
O que começou como um rumor parece estar cada vez mais próximo de se tornar realidade. Na última quinta-feira (20), a Warner Bros. Discovery recebeu suas primeiras propostas formais para a aquisição da empresa. Como adiantado pelo Portal Exibidor, Paramount, Netflix e NBCUniversal apresentaram propostas preliminares, e não há confirmação por parte da Warner se houve outros interessados. As informações são do Variety.
A primeira notícia de que as três propostas foram oficializadas foi dada pelo jornal The New York Times, e vale destacar que foram apresentadas propostas não-vinculantes - ou seja, uma oferta preliminar que expressa interesse em uma negociação, mas não cria um compromisso legal entre as partes. Ela não obriga o comprador a comprar nem o vendedor a vender, e as condições podem ser alteradas, podendo qualquer um dos lados desistir sem ônus. A proposta é usada para iniciar discussões e negociar detalhes, mas é um passo anterior a um contrato formal e legalmente obrigatório.
Agora, após a análise das propostas, haverá uma segunda rodada de negociações na qual as empresas interessadas serão questionadas se desejam apresentar propostas finais e vinculantes.
Embora uma possível transação precise de pelo menos um ano para ser aprovada pelos órgãos reguladores, a Warner acredita que o processo de venda possa ser concluído até o final de dezembro. A aprovação pelos órgãos reguladores, aliás, exigirá bastante trabalho de um possível comprador, que precisará estar preparado para apresentar seus argumentos aos órgãos reguladores internacionais, visto que os padrões, especialmente na Europa, por exemplo, tendem a ser mais rigorosos.
Uma questão que ainda permanece em aberto é se a Arábia Saudita, através de um fundo soberano, ou algum outro fundo do Oriente Médio chegou a apresentar proposta ou está fornecendo financiamento para garantir a viabilidade de alguma das propostas. Tanto a Paramount quanto a NBCUniversal foram associadas a potenciais parceiros do Oriente Médio durante a negociação.
Apesar de todas as especulações, e agora propostas formais, também é possível que no fim das contas a Warner decida rejeitar as ofertas de aquisição e manter seu plano original de se dividir em duas empresas de capital aberto: a Streaming & Studios, dedicada ao streaming e produção de conteúdo, e a Discovery Global, dedicada à televisão tradicional. Nesse cenário, a Discovery Global iria absorver a maior parte da dívida atual da Warner e manteria participação de até 20% na divisão de streaming e estúdios da Warner Bros..
Entre as propostas apresentadas na última quinta-feira, a Paramount é a única empresa que negocia uma aquisição total da Warner. À favor da Paramount, além da única proposta de absorver a empresa inteira, está a família por trás do negócio. David Ellison, CEO da empresa, é filho do magnata da tecnologia Larry Ellison, cofundador da Oracle e uma das pessoas mais ricas do mundo.
Além dos vastos recursos financeiros, o patriarca Ellison é um fervoroso apoiador do presidente Donald Trump, e isso pode facilitar o caminho da empresa pelo processo regulatório, e segundo relatos, Trump é favorável a uma fusão entre Paramount e Warner. Por outro lado, o presidente dos Estados Unidos é desafeto declarado de Brian Roberts, CEO da Comcast, empresa-mãe da NBCUniversal, que também está interessada na aquisição.
Netflix e NBCUniversal, por sua vez, estão interessadas em adquirir apenas as operações de streaming e estúdio da Warner, deixando os negócios de TV a cabo de fora. A Warner, por sua vez, está disposta a vender apenas parcialmente suas operações, o que estaria alinhado com o plano já em andamento de se dividir em duas empresas até abril de 2026. Nesse cenário, David Zaslav assumiria o cargo de CEO da Warner Bros., enquanto Gunnar Wiedenfels, atual CFO da empresa, tornaria-se CEO da Discovery Global.
Outro ponto que acende um sinal de alerta nas negociações é a relação da Netflix com a janela de exibição cinematográfica, uma vez que a empresa, em sua maioria, evita lançar seus próprios filmes no cinema, com exceção de exibições que visam as premiações. Em uma entrevista para a revista Time no mês de abril, por exemplo, o CEO da Netflix, Ted Sarandos, classificou a experiência de ir ao cinema como "um conceito ultrapassado".
A Warner, por sua vez, em conferência realizada para divulgar os resultados financeiros de seu último trimestre, informou aos investidores que pretende lançar de 12 a 14 filmes por ano nos cinemas, produzidos pela Warner Bros. Pictures, DC Studios, New Line Cinema e Warner Bros. Animation.
Em meio às especulações, o Variety apurou que a Netflix, como parte de sua oferta para adquirir os estúdios e o negócio de streaming da Warner, prometeu continuar lançando os filmes da empresa nos cinemas. Fontes familiarizadas com a negociação disseram que a Netflix informou aos executivos da Warner que o serviço de streaming honraria os acordos contratuais da Warner para o lançamento de filmes nos cinemas, caso fechasse um acordo para adquirir os ativos.